Título: Queda do Ibovespa reduziu o número de participantes
Autor: Pavini, Angelo
Fonte: Valor Econômico, 05/12/2006, EU & Investimentos, p. D1

Os dados das ofertas mostram também que o número de pessoas físicas em cada oferta varia bastante, dependendo do tipo de empresa, do momento em que ocorre a oferta e da forma de venda. As campeãs de audiência mostram a força que as agências dos bancos ainda têm na decisão do investidor, caso do líder absoluto Banco do Brasil, que chegou a quase 50 mil investidores e clubes, e das duas ofertas do PIBB, vendidas na rede bancária. A seguir aparecem empresas que foram a mercado no momento de maior euforia, como a Totvs, Copasa, ABNote, CSU, no início deste ano, quando o Índice Bovespa ultrapassou pela primeira vez os 40 mil pontos. E há o caso daquelas mais conhecidas do grande público, como Gol, UOL, Grendene e Gafisa, que atraem o investidor comum por sua marca.

Passada a euforia e depois da forte queda do mercado em maio, o número de pessoas nas ofertas se arrefece. E a retomada mostra números mais modestos, permitindo até notar uma média na casa dos 4 mil investidores.

A queda dos juros levará mais investidores a diversificar as aplicações com as ofertas de ações no próximo ano, afirma Roberto Nishikawa, da Itaú Corretora. Segundo ele, no Itaú, 60% dos investidores que participam das ofertas são novos. "E há espaço para crescer mais", afirma ele, que considera bem-sucedida uma oferta com 3 mil a 5 mil investidores.

Já Helio Pio, da Ágora Corretora, vê os investidores procurando conhecer o mercado graças às ofertas. Tanto que o número de cadastros novos na corretora cresce cerca de 20% nos períodos que antecedem os lançamentos. O perfil dos investidores também mudou após a queda do mercado em maio. "Antes havia euforia e as pessoas entravam para vender logo", diz. "Agora os investidores estão mais cautelosos, buscando empresas sólidas".

No meio da euforia no início do ano, ninguém queria saber de análise, os investidores já entravam nas ofertas reservando volumes elevados, lembra Robson Queiroz, diretor comercial da SLW Corretora. Depois, 95% vendiam logo no primeiro dia. "Agora o perfil mudou um pouco, as pessoas estão pesquisando um pouco mais e cerca de 40% delas ficam com o papel", diz. Mesmo assim, o número de reservas na SLW subiu, de uma média de 450 para 700 por oferta. O problema, afirma Queiroz, ainda é a parcela pequena reservada para pessoa física nas ofertas. "Muito cliente quer R$ 10 mil, mas leva só R$ 2 mil, e acaba vendendo logo, pois não tem nem sequer o lote padrão do papel". (AP)