Título: Brasil ganha espaço na estratégia da Voith
Autor: Nakamura, Patrícia
Fonte: Valor Econômico, 04/12/2006, Empresas, p. B8

A Voith Paper está desenhando sua nova estratégia para o Brasil. Aos poucos, quer atrair a produção de equipamentos de maior valor agregado - cuja fabricação era concentrada na matriz alemã - e também está avançando no desenvolvimento de novas tecnologias para as indústrias de papel e celulose.

"Aos poucos vamos formando um amplo portfólio que nos protegerá, em parte, da concorrência chinesa, voltada para os equipamentos mais simples. Mas por enquanto, o maquinário produzido na China não invadiu nosso mercado", afirmou ao Valor Nestor de Castro Neto, presidente da Voith Paper. "Como as máquinas serão mais caras, queremos ter condições para enfrentar, com rentabilidade, um dólar desfavorável, em cerca de R$ 1,80". A empresa, entretanto, não abrirá mão da produção dos tradicionais equipamentos.

Recentemente a produção de equipamentos para a indústria de papéis especiais para tabaco foi transferida para a fábrica da empresa, em São Paulo. Segundo o executivo, é um nicho muito específico e de peso modesto no faturamento, mas que exige alto nível técnico para produção.

Em abril do ano que vem, a empresa colocará oficialmente à venda equipamentos para a produção de papéis sanitários (tissue) premium. A linha foi toda desenvolvida no Brasil. Ao longo do ano fiscal da empresa, encerrado em setembro, a Voith investiu 4 milhões de euros em pesquisas e desenvolvimento.

Os primeiros equipamentos para produção de "tissue" já foram instalados numa fábrica do setor este ano, por meio de adaptações na linha já existente. Castro não quis revelar no nome do cliente. Segundo o presidente da Voith Paper, a nova linha reduz o consumo de energia elétrica. O maquinário deve custar entre US$ 30 milhões e US$ 50 milhões. A tecnologia também será levada a outras unidades da Voith ao redor do mundo.

No ano fiscal encerrado em setembro, a companhia registrou faturamento de R$ 550 milhões, contra R$ 620 milhões no exercício anterior. Já possui em carteira pedidos que somam R$ 500 milhões, suficientes para movimentar a produção até maio do ano que vem. A Voith está reduzindo aos poucos suas exportações, que já chegaram a responder por 60% da receita (boa parte de encomendas entre as filiais). Para o exercício de 2007, a empresa calcula um patamar entre 25% e 30%, por conta do dólar desfavorável.

Mesmo com o revés cambial, a Voith foi escolhida para produzir uma parte de um equipamento para uma produtora de papel na China, por conta das dimensões da fábrica paulistana. A produção do maquinário ocupará o equivalente a 100 mil horas/homem.

Em setembro, a Voith Paper inaugurou uma linha de produção, que exigiu investimentos de R$ 4,1 milhões. A fábrica já trabalha para produzir e montar uma nova unidade fabril da Klabin em Telêmaco Borba (PR). Em outubro a empresa investiu R$ 8 milhões para uma fábrica de fundidos, que vai atender a Suzano.