Título: Fim do ano precisa ter ritmo superior a 5% para projeção oficial ser confirmada
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 01/12/2006, Brasil, p. A3

O governo continua trabalhando com uma taxa de crescimento para o PIB de 2006 de 3,2%, mas para chegar lá a economia teria que crescer 5,2% nos últimos três meses do ano, ante o mesmo período do ano passado, nas contas do IBGE. Nos cálculos do setor privado, a taxa com ajuste sazonal - em relação ao terceiro trimestre - teria de evoluir 1,9% , ritmo que anualizado representa um crescimento de quase 8%. Nas estatísticas oficiais, o produto trimestral não cresce acima de 5% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior desde o terceiro trimestre de 2004, quando cravou em 5,3% em relação ao mesmo período de 2003. Naquele ano, a atividade aumentou 4,9%.

Para os economistas de bancos e consultorias, porém, as chances de crescimento da economia neste final de ano são também modestas. As projeções para o PIB do ano variam entre 2,7% e 2,9%. A LCA consultores está entre os mais otimistas (2,9%) e para chegar a este número o quarto trimestre precisa de avanço de 1,4% em relação ao terceiro trimestre e de 3,8% na comparação com os três últimos meses de 2005. Bráulio Borges, da LCA, acredita ser possível alcançar essas taxas , apesar da contribuição negativa de 1,4% do setor externo para o resultado deste ano.

O economista Elson Telles, da Corretora Concórdia, espera um PIB entre 2,7% e 2,8% no acumulado do ano, com o produto no último trimestre expandindo entre 1,2% e 1,5% na comparação com o terceiro trimestre e entre 3,3% e 3,6% em relação ao final de 2005. "Acho este número razoável, já que o PIB acumulado no ano está em 2,5% até setembro. Em outubro, acho que a indústria recupera o que caiu (1,4%) em setembro. Em novembro, as encomendas do comércio foram fortes. Acredito em uma recuperação da produção industrial no fim do ano", explicou.

Sérgio Vale, da MB Associados é o mais pessimista. Para ele, a taxa de 2,7% para o PIB de 2006 é teto. Isto significa um aumento no nível de atividade econômica de 1,3% no quarto trimestre ante o terceiro e 3,3% na comparação com outubro/dezembro do ano passado, quando o PIB trimestral subiu 1,2% em relação ao trimestre julho-setembro e 1,4% sobre o final de 2004. Ou seja, a base de comparação é favorável a 2006.

Para Vale, é "impossível" a economia expandir 3,2% este ano. "Não tem sinalização neste sentido. O resultado do terceiro trimestre divulgado ontem, só confirma minha projeção de 2,7%".

Os economistas ouvidos pelo Valor esperam uma recuperação no quarto trimestre, com um PIB industrial chegando a 4% ante o mesmo período de 2005. Mas, nada sinaliza um avanço acima de 1% em relação ao terceiro trimestre.

O PIB do quarto trimestre só vai ser conhecido no primeiro trimestre de 2007. O indicador vai ser medido pela nova metodologia das contas nacionais do IBGE, o que pode alterar as projeções. A mudança principal será na medição do consumo do governo. Se houver mudanças, pode ser para baixo, reduzindo mais ainda a taxa, avalia Borges, da LCA. (VSD)