Título: PSDB começa a discutir renovação do programa
Autor: Ulhôa, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2006, Política, p. A8

A Comissão Executiva Nacional do PSDB se reuniu ontem à noite, pela primeira vez depois da eleição, para discutir os rumos do partido. O presidente da legenda, senador Tasso Jereissati (CE), submeteria aos integrantes da executiva a proposta de rediscussão do programa do partido, tarefa a ser coordenada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. A idéia foi discutida com FHC na semana passada.

"Um dos maiores problemas que houve na eleição foi não terem ficado claras as diferenças entre os programas de governo do PT e do PSDB", disse Tasso. Ele citou o exemplo da polêmica em torno da suposta intenção privatista do então candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin. "Essa questão criou um grande problema na cabeça da população e nenhum dos dois partidos deu uma posição clara a favor ou contra a privatização", afirmou.

Os tucanos também discutiriam ontem a necessidade de unificar o discurso em relação aos gestos feitos pelos presidente Luiz Inácio Lula da Silva de aproximação com a oposição. "Essa questão é óbvia. Somos absolutamente incooptáveis, mas somos civilizados. Institucionalmente, como presidente do PSDB, em qualquer circunstância para tratar de assuntos do interesse do país, conversaremos sempre. Mas, entre conversar e aderir ou fazer acordos mais amplos, há uma enorme diferença", afirmou Tasso.

Segundo ele, o programa do PSDB precisa ser atualizado, com a discussão da social-democracia no mundo de hoje. "Nosso programa foi elaborado há 20 anos, hoje o mundo é totalmente diferente. Temos que discutir que papel o estado brasileiro deve desempenhar nos próximos 50 anos, qual o papel do capitalismo na sociedade moderna, a inserção do país na comunidade internacional e a relação capital e trabalho no mundo de hoje", afirmou o senador.

A proposta de Tasso é que FHC articule a discussão do programa do PSDB, convidando pensadores internacionais para o debate. O processo teria a duração de aproximadamente seis meses e terminaria com a realização de um congresso do partido, que aprovasse novo programa. Tasso deverá conduzir o partido até lá.

Um debate que não constava da pauta da reunião da executiva, mas preocupa o PSDB, é a eleição do futuro presidente do Senado. O líder do PFL, José Agripino (RN), articula sua candidatura, mas quer a oposição unida em torno do seu nome. O PSDB tem o compromisso de apoiar Agripino, se ele for lançado, mas questiona a viabilidade eleitoral. (RU)