Título: Executivo da Net questiona concorrência das teles
Autor: Moreira, Talita
Fonte: Valor Econômico, 29/11/2006, Empresas, p. B3

O presidente da Net, Francisco Valim, adicionou ontem mais polêmica à parceria da gigante Telefônica com a pequena prestadora de serviço de TV paga DTHi. Segundo Valim, o pacote de serviços com o preço de R$ 39,90 oferecido pela concorrente está abaixo dos custos: "Se somarmos o preço da programação e o valor dos impostos, o total já ultrapassa esse valor".

Valim disse desconhecer os contratos acertados como as empresas de programação, mas afirmou que não é provável que eles sejam muito diferentes dos acordos com as demais operadoras de TV paga. "Se acertam com outra empresa um valor mais baixo que o acordado com a Net, que tem 1,73 milhão de assinantes, é claro que sabem que iremos questionar", afirmou.

Para Valim, as teles já tem 95% do mercado de telefonia e 81% do de banda larga e, agora, querem entrar na TV paga, onde a Net tem 38% de participação, além de 14% do segmento de banda larga e 0,3% em telefonia. "Para elas, 95% não é suficiente. Elas querem 100% . Querem fazer os concorrentes sangrar até morrer. E olha que o preço da banda larga só caiu quando entramos nesse mercado. Caiu 56% após oferecermos o nosso serviço", reagiu.

"Tem alguém questionando a nossa compra da Vivax? Não tem. O que não acontece com as aquisições das teles no segmento", afirmou. Ele questionou a legalidade da parceria entre a Telefônica e a DTHi. Para Valim, tudo indica que há perfil de troca de controle devido ao peso da participação na operação. "Se anda como gato, tem orelha de gato, mia como gato e come comida de gato, tudo indica que seja um gato", ironizou.

Segundo Valim, a Net não vai procurar a Justiça. De acordo com ele, quem está à frente dos questionamentos do recente movimento das teles no segmento é a entidade do setor, a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA).

Ontem, em São Paulo, segundo o noticiário Telecom Online, o presidente da Anatel, Plínio Aguiar Jr, disse que a agência abriu um processo de fiscalização sobre o serviço que está sendo oferecido pela DTHi com a Telefônica. Segundo o conselheiro, esse é o primeiro passo para que o órgão possa tomar uma decisão sobre o procedimento a ser adotado, caso sejam comprovadas irregularidades. Na interpretação de Aguiar, o fato de lançar o serviço sem anuência prévia da Anatel já consiste em uma infração, uma vez que qualquer tipo de acordo, societário ou comercial, precisa dessa autorização. Isso deixaria a empresa sujeita a punições que vão desde a retirada do serviço do ar até a perda da licença.