Título: Polícia Federal adia por mais 30 dias inquérito que investiga dossiê
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 28/11/2006, Política, p. A6

A Polícia Federal de Cuiabá pediu nesta segunda-feira mais 30 dias de prazo para a conclusão do inquérito que investiga o escândalo do dossiê contra políticos do PSDB. Foi o segundo pedido de prorrogação, e, até agora, três pessoas já foram indiciadas: o advogado e ex-assessor de campanha do PT Gedimar Passos, por ocultação de documentos, e os donos da casa de câmbio Vicatur, por lavagem de dinheiro e crime contra o sistema financeiro.

O delegado de PF Diógenes Curado, responsável pelas investigações, quer ouvir outras pessoas, entre elas o deputado federal Carlos Abicalil (PT-MS). No segundo relatório parcial entregue nesta segunda à Justiça Federal, Abicalil é citado por ter feito e recebido ligações telefônicas do ex-diretor do Banco do Brasil Expedito Veloso, acusado de envolvimento no caso do dossiê. Para o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a prorrogação de prazo é normal dada a complexidade das investigações. "Não houve terceiro adiamento, o que houve foi mais um pedido de prazo, o que é normal num inquérito com essa complexidade. A origem do dinheiro exige um minucioso cruzamento de informações, de ligações telefônicas e isso demora. Não é possível fazer milagre", disse.

O ministro disse que ainda não há elementos para afirmar que o deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) tenha ordenado a compra do dossiê, conforme matérias publicadas na imprensa no final de semana. "A Polícia Federal não fechou ainda isso. Continua trabalhando e vai chegar às conclusões possíveis dentro do mundo real. Não se pode querer que ela encontre evidências que se amoldem à uma concepção pré-concebida e nem que ela desminta essas concepções", disse.No primeiro relatório, a Polícia Federal revelou que os depoimentos apontavam que a negociação do dossiê era comandada pelo ex-assessor da campanha de Lula, o ex-analista de mídia e risco Jorge Lorenzetti. (Com agências noticiosas)