Título: Para Garcia, base governista seguirá unida
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 28/11/2006, Política, p. A9

Apesar de a bancada do PT insistir no lançamento do deputado Arlindo Chinaglia para a presidência da Câmara, o partido terá que discutir com as demais legendas um nome de consenso da bancada governista. Depois de reunião no Planalto com o ministro da coordenação política, Tarso Genro, a direção do PT adotou discurso conciliador: "O PT não resolve sozinho. A eleição deve corresponder a essa política de coalizão mais ampla que estamos começando a implementar", disse o presidente do PT, Marco Aurélio Garcia.

Garcia destacou que a negociação com os demais partidos aliados será uma obsessão daqui em diante. Ele vai conversar com as direções partidárias. A deputada Maria do Rosário (PT-RS) e o deputado eleito Jilmar Tatto (PT-SP) foram escalados para sondar os parlamentares sobre os nomes mais viáveis para disputar a sucessão na Mesa. O governo teme a repetição de 2005, quando a divisão da base governista permitiu a eleição de Severino Cavalcanti (PP-PE). "Esse episódio serviu de lição. Eu diria que desse mal já estamos livres porque, quando se tratou da sucessão do deputado Severino, a base do governo teve a sabedoria de se unificar", disse Garcia.

Além de Chinaglia, outros aliados estão de olho na presidência da Câmara: Aldo Rebelo (PCdoB-SP), atual presidente e que conta com o apoio do presidente Lula e os pemedebistas Eunício Oliveira (CE) e Geddel Vieira (BA). Garcia admitiu que o Planalto vê essa divisão com preocupação. "O governo não vai interferir, mas não gostaria que a eleição do presidente da Câmara, o segundo na linha de sucessão, tivesse a sua eleição complicada por um processo de grande enfrentamento e desgaste", disse.

Marco Aurélio também afirmou a intenção de retomar, com regularidade, as reuniões do Conselho Político, composta pelos presidentes dos partidos aliados. A exceção será o PTB, que, por enquanto, está fora da coalizão formal de governo. "No momento, há uma boa relação com os deputados do PTB, se processando com a bancada e não no nível partidário", admitiu o presidente do PT.

Durante a reunião da coordenação política, realizada na manhã de ontem, o presidente Lula avaliou de formas positiva as recentes conversas com governadores e com os partidos aliados. Hoje Lula encontra-se com o PDT e com o PV e, nos próximos dias - após o retorno da viagem para a Nigéria - pretende conversar com o PP, com o PR, com o PRB, com o PSB e com o PCdoB.