Título: S&P expõe razões o para rating do país
Autor: Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 28/11/2006, Finanças, p. C1

Falta de crescimento sustentado, alta relação entre dívida e Produto Interno Bruto (PIB) e comprometimento de parte relevante da receita com o pagamento de juros dessa dívida são os três maiores motivos para que a classificação do risco do Brasil na Standard & Poor's esteja ainda a dois níveis do grau de investimento. As explicações foram dadas ontem pela diretora de Risco Soberano da agência de rating, Lisa Schineller, ao sair de reunião com o ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Para o ministro, as avaliações do Brasil pelas agências de classificação de risco têm sido "excessivamente rigorosas". "O risco do país é menor do que está expresso. Se não merecia ter o grau de investimento, deveria estar mais próximo", criticou Mantega.

Lisa defendeu o trabalho da S&P explicando que uma comparação das cifras brasileiras com as de outros países "investment grade" mostra grandes diferenças, principalmente quanto ao tamanho da dívida. Se a relação dívida/PIB do Brasil é próxima dos 50%, no grau de investimento é de cerca de 30%. A carga de pagamento de juros que reflete o tamanho da dívida e o custo dessa dívida é de quase 20% das receitas brasileiras, considerada elevada pela S&P. Nos países investment grade, essa carga é de 10%. Outro fator é o ritmo de crescimento sustentável: não pode ser de um ano, mas de dez anos. "Nessas três áreas o Brasil tem diferença muito grande com outros países investment grade", justificou.

Schineller disse que foi uma visita de rotina e não tem relação com outra mudança da classificação do Brasil. A agência mudou a perspectiva do país de "estável" para "positiva" na semana passada. Segundo ela, é preciso um ano e meio para outra alteração. Com perspectiva positiva, os países obtêm, em 60% dos casos, uma avaliação melhor. (AG)