Título: Rice diz que relação com o Brasil é "chave" na estratégia para a AL
Autor: Tatiana Bautzer
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2005, Internacional, p. A9

A futura secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, disse ontem, na sua primeira sabatina no Senado, que o relacionamento com o Brasil é "chave" para a estratégia americana na América Latina. Um dos democratas da Comissão de Relações Exteriores, Christopher Dodd, que fez visita recente à América do Sul, disse que a região está esquecida pela política externa dos EUA. Citando o bom relacionamento entre os presidentes Bush e Lula, Rice disse que o Brasil "é um parceiro do tipo que precisamos para promover valores democráticos", em resposta a uma pergunta sobre as necessidades sociais e econômicas dos países da região e a luta contra o narcotráfico. "A melhor resposta a isso é por meio do comércio, e estamos contribuindo com acordos de livre comércio fechados com o Chile e a América Central. Continuamos a trabalhar com o Brasil como co-presidentes para concluir a Alca", disse. Rice não deixou de criticar a Venezuela e o presidente Hugo Chávez, citando "governantes que não governam de maneira democrática apesar de terem sido eleitos". Democratas lembraram que, antes da eleição de Lula, não havia grande entusiasmo por ele nos EUA, mas hoje há uma boa relação bilateral. "É preciso encontrar um modo de trabalhar também com Chávez", disse Russell Feingold. A menção à América do Sul foi breve numa audiência marcada pelo debate sobre o Iraque e o Oriente Médio. Rice foi acusada de mentir antes e depois da guerra pela senadora democrata Barbara Boxer. Sobre uma data para a saída das tropas do Iraque, Rice disse que isso dependerá da melhora na situação da segurança no país. O ex-candidato democrata à Presidência John Kerry também foi duro afirmando que os EUA têm rejeitado ofertas de Egito e Alemanha para ajudar no treinamento de tropas iraquianas, cujo número é muito baixo. Rice disse haver 120 mil soldados iraquianos. O democrata Joseph Biden contestou; disse que não há mais de 4 mil preparados para formar o Exército. Sobre o Oriente Médio, repetiu o discurso de pedir mais ação da Autoridade Palestina contra o terrorismo, mas deixou aberta a possibilidade de os EUA nomearem um enviado especial à Palestina. Rice falou ainda de uma "luta geracional" contra o extremismo islâmico e defendeu movimentos de libertação em seis países chamados de "postos avançados da tirania": Cuba, Mianmar, Coréia do Norte, Irã, Belarus e Zimbábue. Apesar de todas as críticas, Rice deve ser facilmente aprovada como nova secretária de Estado, tornando-se a primeira mulher negra a ocupar o cargo. No início da sabatina, ela disse que "a hora para a diplomacia é agora". O líder democrata na comissão, Joseph Biden, respondeu rápido: "a hora deveria ter chegado há muito tempo". (TB)