Título: Tarso Genro frustra expectativas petistas sobre negociação ministerial
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2006, Política, p. A6

Um grupo de petistas, preocupados com a falta de informações sobre os rumos do futuro governo, sobre os indicados para os Ministérios e sobre o espaço que cada legenda - especialmente o PT - terá nos próximos quatro anos, foi ontem ao Planalto almoçar com o ministro da Coordenação Política, Tarso Genro. Saíram sabendo tanto quanto sabiam antes do encontro. "O presidente Lula não está divulgando nem para os ministros próximos o roteiro que pretende seguir. Tudo o que queríamos era esse roteiro", lamentou um dos participantes do encontro.

O almoço foi cercado de mistério. Nem o Planalto nem os petistas sequer queriam divulgar quem participou da reunião. "Foi uma conversa rotineira, sobre política e diretrizes de governo", desconversou o líder do PT na Câmara, Henrique Fontana (RS). Apesar de acontecer na véspera do encontro de Lula com o PMDB, os petistas garantem que não houve qualquer discussão sobre o tamanho que o novo aliado deve ter na Esplanada.

Mas Fontana deixou claro que todos os partidos, incluindo o PT, têm o direito de brigar por espaços. "Para nós, não é uma discussão numérica, é uma discussão política. Às vezes, cinco ministérios são melhor do que seis, desde que eles tenham mais impacto nas decisões de governo e melhores condições de investimentos", resumiu Fontana. O líder petista cobra do PMDB uma relação institucional, mas transparente, com o Executivo. "O PMDB tem que dizer com clareza quem de fato apóia o Lula. Apresentar uma lista de deputados, senadores e governadores que estarão junto conosco", declarou.

Na semana passada, a Executiva petista reuniu-se com Lula. Ouviu que o governo de coalizão incluirá o PMDB e que o PT terá que se acostumar com a idéia de encolher na nova composição ministerial. Os petistas admitem que perguntaram a Tarso Genro se este sabia de alguns nomes para o futuro ministério. "A única coisa que ouvimos foi a confirmação de que este será um governo amplo, de coalizão", disse um dos deputados que foram ontem ao Planalto.

Também queriam avançar nos debates sobre as diretrizes econômicas para os próximos quatro anos. O PT defende a manutenção das metas de inflação, desde que atreladas a metas de crescimento.