Título: Nova geração assume a Gerdau com meta de reforçar expansão
Autor: Bueno, Sérgio
Fonte: Valor Econômico, 22/11/2006, Empresas, p. B1

Definida a sucessão da quarta para a quinta geração da família no comando executivo do grupo Gerdau, o novo diretor presidente e CEO (principal executivo), André Gerdau Johannpeter, e o novo diretor geral de operações (COO), Cláudio Gerdau Johannpeter, assumem os cargos em primeiro de janeiro de 2007 com objetivos definidos. Eles terão pela frente a tarefa de manter a agressividade do conglomerado no papel de consolidador no processo de reestruturação do setor siderúrgico mundial, com expansão para novos países e o reforço da atuação em segmentos como os de aços planos e especiais.

Além da China e da Índia, onde já busca oportunidades para iniciar as operações na Ásia, a Gerdau define esta semana se fará uma oferta pela alemã Thüringen, que a Arcelor Mittal pôs à venda na ex-Alemanha Oriental por força da legislação antitruste européia. A usina produz 900 mil toneladas de perfis pesados por ano, faturou ? 404 milhões em 2005 e é "moderna e competitiva", segundo palavras de Cláudio, depois do anúncio das mudanças feitas pelo tio e presidente atual, Jorge Gerdau Johannpeter.

"Seria uma oportunidade para entrar em (aços) longos na Europa, mas há outros concorrentes interessados", comentou o futuro COO, que assim como André é hoje um dos vice-presidentes do comitê executivo. Em 2005 a Gerdau fez a primeira investida no continente europeu com a aquisição de 40% da Sidenor, da Espanha, que produz aços especiais e anteontem anunciou a aquisição da também espanhola GSB Acero, que opera no mesmo segmento. Conforme Cláudio, "no futuro" o grupo deve adquirir os 40% da Sidenor que pertencem ao banco Santander. "Faz todo o sentido".

Filho de Jorge Gerdau, André afirmou que o grupo estuda oportunidades na América Latina, Europa e na Ásia, particularmente na China, e pretende crescer nas linhas de produtos especiais e planos - hoje a maior parte da produção é de aços longos. Mas sem perder de vista o "balanço" entre expansão e rentabilidade. Hoje, o grupo tem capacidade instalada para cerca de 18,7 milhões de toneladas anuais, mas deve fechar o ano com 15,5 milhões de toneladas efetivamente produzidas.

Segundo Cláudio, o crescimento no segmento de planos pode ocorrer com a expansão da americana Gallatin (uma joint venture com a Dofasco), de 1,6 milhão para 2 milhões de toneladas por ano. Outra possibilidade é a expansão da recém adquirida Siderperú, no Peru, com capacidade para 400 mil toneladas anuais, sendo 20% de aços planos. A unidade peruana deve receber investimentos de US$ 100 milhões nos próximos três anos, dentro do programa global de US$ 3,8 bilhões, até 2008, que inclui ainda a ampliação da Açominas de 3 milhões para 4,5 milhões de toneladas por ano e atualizações nas plantas dos Estados Unidos.

Os planos para o futuro mostram que o apetite pelo crescimento do maior produtor de aços longos das Américas e 14º no ranking global do setor siderúrgico, com 32 usinas siderúrgicas em oito países do continente, mais as participações na Sidenor e na Gallatin, não diminuirá com a troca de comando. Jorge deixa o cargo que assumiu em 1983, quando a Gerdau tinha seis plantas no Brasil e no Uruguai e capacidade de 1,3 milhão de toneladas. Mas ainda quer estar presente na expansão da Gerdau, com seu posto na presidência do conselho de administração.

Junto com o empresário, deixarão o comitê executivo e ficarão apenas no conselho o irmão Frederico Gerdau Johannpeter e o executivo Carlos Petry, completando a separação entre as duas estruturas iniciada em 2002. Naquele ano, o então conselho diretor foi transformado no comitê executivo e os irmãos Klaus (pai de Cláudio) e Germano Gerdau Johannpeter transferiram-se exclusivamente para o conselho.

A escolha do novo CEO começou em 2000 e havia "quatro ou cinco nomes" em condição de liderar o grupo, disse Jorge. Entre os candidatos estavam executivos profissionais da empresa, mas o empresário considera que a identificação de membros da família para ocupar o cargo foi positiva para preservar a "cultura" e a "raiz" da Gerdau. Segundo Klaus, André e Cláudio têm estilos que se complementam e a escolha deles para os dois principais cargos executivos foi tomada em "meados" deste ano.

André e Cláudio têm 43 anos de idade e 25 e 23 anos de experiência, respectivamente, no grupo. André assumirá o papel de porta-voz do grupo e responsável pela estratégia de desenvolvimento de negócios, finanças e relações com investidores, área jurídica, assuntos institucionais, tecnologia da informação e responsabilidade social. Cláudio irá assumir a coordenação operacional de todas as áreas de negócios no Brasil e exterior, além de atividades como marketing e vendas, industrial, suprimentos, logística e engenharia.

Além deles, as mudanças no grupo contemplam a promoção de outro herdeiro desta geração. Guilherme Gerdau Johannpeter, hoje diretor da Gerdau Comercial, irá assumir a posição de diretor de marketing e planejamento da Gerdau Ameristeel, em Tampa, Flórida, EUA, em janeiro.