Título: Bahia Pet quer embalar alimento com PET reciclado
Autor: Patrick Cruz
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2005, Empresas &, p. B6

A Bahia Pet está trabalhando para ser a primeira empresa no país a utilizar polietileno tereftalato (PET) reciclado na indústria de alimentos. A empresa deve encaminhar em breve o pedido de autorização do novo uso do produto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), órgão responsável pelo tema. A empresa nasceu em 2000, como fabricante de embalagens PET, e pertence a três sócios que operavam no mercado financeiro. A planta de reciclagem da companhia, localizada em Aratu, na região metropolitana de Salvador, foi inaugurada em dezembro de 2003 e recebeu investimentos de US$ 8 milhões - parte dos recursos foi utilizada para fazer adequações exigidas pela Anvisa. A Bahia Pet já recebeu, nos Estados Unidos e na Alemanha, autorizações semelhantes à pretendida no Brasil. Hoje, o uso do PET reciclado é vetado, mas o material pode ser utilizado para a fabricação de embalagens de detergentes e cosméticos ou fios para a substituição de poliéster, por exemplo. A maior exigência da Anvisa é a da garantia de total descontaminação do material a ser reciclado, segundo o diretor industrial da empresa, Roberto Carlos de Souza, um dos sócios. Caso a Bahia Pet consiga o aval da agência, a planta de reciclagem da empresa passará a ter como mercado potencial toda a cadeia de PET no país, um mercado de 380 mil toneladas ao ano. Desde setembro, a unidade exporta para os Estados Unidos - no total, 40% da produção de PET reciclado da empresa tem o mercado externo como destino. A companhia também investiu na montagem de um laboratório de análise e caracterização de polímeros, trabalho que deve reforçar o pedido de autorização à Anvisa, acredita Souza. A empreitada, em parceria com a Universidade Federal da Bahia (Ufba) e a Unicamp, recebeu investimento de R$ 500 mil, entre recursos da companhia, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). A unidade de reciclagem da empresa também começou em dezembro, como parte do processo de preparação para o aval da Anvisa, a produzir a resina PET pós-condensada, no processo conhecido como "bottle-to-bottle" - o que significa que, de uma garrafa de detergente, por exemplo, a planta agora é capaz de fabricar uma nova embalagem para o produto, por exemplo. Até então, o produto final da fábrica era o polímero amorfo, resina utilizada por indústrias como a têxtil e a de chapas para embalagens. A Bahia Pet, que também tem uma fábrica de pré-formas de PET, localizada em Salvador, quer ampliar neste ano de 750 toneladas para 1,3 mil toneladas anuais a produção da unidade de reciclagem. O faturamento da Bahia Pet em 2004 foi de R$ 85 milhões, 35% a mais que em 2003.