Título: "Usina" de asfalto é montada nos Andes
Autor: Landim, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 21/11/2006, Brasil, p. A5

Durante dois meses e meio, 24 caminhões transportaram uma "usina" de asfalto para a cordilheira dos Andes. As máquinas foram fabricadas no Rio Grande do Sul e chegaram ao Peru via Argentina e Chile. A usina demorou um mês para ser montada. Como essa região é cheia de curvas, é necessário um asfalto mais espesso. Daí a necessidade de tanto equipamento.

A operação de logística descrita acima foi a mais complicada das obras da Interoceânica até agora, explica Danilo Trinchão, gerente de logística da Conirsa, consórcio vencedor da licitação, liderado pela Odebrecht.

A concessionária trouxe as máquinas e equipamentos do Brasil. Os insumos diários da obra - cimento, cal, combustível - estão sendo adquiridos no Peru. Quando chegar ao pico da obra, a demanda diária será de 200 toneladas de cimento e 180 toneladas de cal hidratada.

"A Interoceânica são muitas obras dentro de uma", diz Trinchão. No trecho da cordilheira dos Andes, as dificuldades são o terreno acidentado, o frio e altitude. Já no trecho da floresta Amazônica, o problema é o excesso de chuvas que pode interromper o tráfego durante dias.

Segundo o executivo, a empresa poderia comprar os insumos no Brasil, o que muitas vezes ficaria até mais barato, mas a burocracia na hora de importar atrapalha. O prédio da aduana de Assis está pronto, mas não funciona. O posto mais próximo está em Brasiléia, na fronteira com a Bolívia. A liberação de uma máquina chegou a demorar 25 dias.

No Peru, existe apenas um fornecedor confiável de cimento, que está situado a 750 km da obra. Com as chuvas, o tempo de chegada de cimento e cal no trecho de selva pode facilmente subir de três para dez dias. O combustível é fornecido pela Repsol, que se encarrega da logística.

Para atender à demanda por peças de reposições dos caminhões, a Scania, que vendeu 170 veículos para a obra, mantém um estoque nos acampamentos. "O objetivo é não permitir que os caminhões parem para não comprometer a obra", diz Luis Duthurburu Arellano, chefe de projetos da Scania no Peru.

A concessionária também montou uma rede privada de telecomunicações. Para algumas regiões, conseguiu trazer a cobertura de celular da Claro, que também está sendo utilizada pelos moradores da região. A Claro aceitou o negócio, porque é parceira corporativa da Odebrecht. Os funcionários da construtora utilizam essa operadora. (RL)

A repórter Raquel Landim viajou a convite da Scania