Título: Serra mantém secretário de Administração Penitenciária
Autor: Agostine, Cristiane
Fonte: Valor Econômico, 21/11/2006, Política, p. A7

O combate ao crime organizado em São Paulo manterá atual linha de comando na administração penitenciária. Seis meses depois das ondas de ataques do Primeiro Comando da Capital (PCC), o governador eleito, José Serra, anunciou que manterá o atual secretário de Administração Penitenciária, Antonio Ferreira Pinto, responsável por acabar com as rebeliões no Estado. O polêmico secretário de Segurança, Saulo de Castro Abreu Filho, deixará a função para o procurador de Justiça, Ronaldo Augusto Bretas Marzagão.

Serra aceitou as recomendações feitas pelo atual governador, Cláudio Lembo, de manter o secretário de Administração Penitenciária, desde junho no cargo. E aceitou também as observações feitas sobre Saulo de Castro. "Ele nem recomendou, nem 'desrecomendou', apontou o tucano.

A segurança foi o calcanhar de Aquiles da gestão do ex-governador Geraldo Alckmin nos seis anos em que comandou o Estado. No momento mais crítico da crise de segurança vivida neste ano, ficou patente a falta de articulação entre Administração Penitenciária e Segurança, comandadas respectivamente por Nagashi Furukawa e por Saulo. Como tentativa de evitar novos atritos entre as duas secretarias, Serra anunciou a criação de um conselho de justiça e segurança, a ser coordenado pelo vice, Alberto Goldman.

"Vai ser um trabalho firme, duro contra o crime", disse Serra. "A opção não é linha mole, nem linha dura. A opção é a linha correta. É respeito aos direitos humanos e firmeza contra o crime". Serra observou que Marzagão e Ferreira Pinto são amigos pessoais e "colegas" do Ministério Público e da Polícia Militar. Antônio Ferreira Pinto é procurador de Justiça e integrou os governos de Luiz Antonio Fleury Filho e de Mário Covas. O advogado criminalista Marzagão trabalhou na gestão de Franco Montoro.

Outros três conselhos serão montados, também sob o comando de Goldman, para as áreas social, econômica e de infra-estrutura.

Além de Ferreira Pinto, José Serra manterá no cargo outros três secretários estaduais, da Saúde, Educação e Assistência Social. Responsável pela Saúde, o médico Luiz Roberto Barradas Barata foi assessor de Serra no ministério e trabalhou nos governos de Mário Covas. Educação permanece com Maria Lúcia Vasconcelos, ex-reitora da faculdade particular Mackenzie e pró-reitora da Universidade Anhembi Morumbi. Na Assistência Social, o administrador e vice-presidente do Centro das Indústrias de São Paulo, Rogério Pinto Amato, seguirá na função.

Outros quatro secretários anunciados virão da equipe montada por José Serra para a Prefeitura de São Paulo, onde ficou de 2005 a março de 2006. Aloysio Nunes Ferreira será seu braço direito no governo e comandará a Casa Civil. Ferreira foi vice governador na gestão de Fleury no Estado, secretário-geral da Presidência do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e secretário de governo municipal. O Orçamento e o Programa Estadual de Desestatização, funções prioritárias na Pasta de Economia e Planejamento, ficarão nas mãos de Francisco Vidal Luna, secretário municipal de Planejamento. Na Justiça, ficará Luiz Antonio Marrey, que foi procurador-geral da Justiça e secretário de Negócios Jurídicos na prefeitura. Mauro Ricardo, ex-secretário de Finanças municipal será responsável pela Fazenda e é o coordenador da equipe de transição.

A Pasta de Transportes Metropolitanos ficará a cargo de José Luiz Portela, que exerceu a função de secretário executivo de Transportes no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e trabalhou como secretário de Mário Covas na Prefeitura de São Paulo. Serra não quis falar de suas prioridades nem abordar temas polêmicos, como a cobrança de pedágio no Rodoanel, em fase de construção no Estado, nem do aumento das tarifas do transporte público. O governador eleito também impediu que seus auxiliares dessem qualquer tipo de declaração à imprensa, apesar de ter convocado uma entrevista coletiva para o anúncio.