Título: Depois do açúcar, grupo Balbo aposta em álcool orgânico e mira exportação
Autor: Scaramuzzo, Mônica
Fonte: Valor Econômico, 21/11/2006, Agronegócios, p. B12

A Organização Balbo, maior produtora de açúcar orgânico do mundo, está elevando a aposta no mercado de álcool orgânico voltado às indústrias de alimentos, bebidas e farmacêuticas. O grupo paulista já tem acordo de fornecimento fechado com a Natura e negocia contratos de exportação para Estados Unidos, Europa e Japão.

A oferta de álcool orgânico dos Balbo deve ficar em 6,5 milhões de litros nesta primeira safra comercial (2006/07), conforme Leontino Balbo Júnior, diretor agrícola da usina São Francisco, de Sertãozinho (SP) - unidade responsável por boa parte da produção de açúcar e álcool orgânico da organização.

Mal saiu a primeira "fornada" e o grupo já fechou acordo com a Natura, uma das maiores empresas de cosméticos do país. Neste caso, o álcool orgânico será usado na composição de desodorantes e colônias. "Os produtos orgânicos fazem parte das nossas crenças", diz Daniel Gonzaga, diretor de pesquisa e tecnologia da Natura.

A parceria entre os Balbo e a Natura é mais antiga. A usina também é fornecedora de açúcar orgânico para a produção de sabonetes esfoliantes. Além do açúcar e do álcool, a Natura utiliza plantas, ervas, madeira e frutas orgânicas para a composição de seus produtos.

"O açúcar também tem função fitoterápica e ajuda no processo de cicatrização", lembra Leontino Balbo. No álcool, as apostas do grupo são para atender a nichos de mercados, sobretudo nas áreas de alimentos e cosméticos. Os Balbo investiram pelo menos R$ 8 milhões em pesquisas no produto, e atualmente negociam a exportação do álcool orgânico para os mercados americanos, europeus e japonês. "Ainda não exportamos porque estamos investindo na logística de transporte deste produto, que não pode ter nenhuma contaminação".

A produção de orgânicos da Organização Balbo começou no fim da década de 90, após anos de estudos para a produção do açúcar. O grupo implantou em 1987 o Projeto Cana Verde, com a mudança do plantio convencional de cana para o sistema orgânico, que demandou investimentos de US$ 6 milhões. A produção comercial de açúcar orgânico da família começou em 1997, com um volume de 1,6 mil toneladas. Um ano depois, a empresa criou a marca Native, que abriga todos os seus orgânicos. Além do açúcar, a Native negocia café, suco de laranja e soja.

Com um faturamento da ordem de R$ 400 milhões por safra, a organização possui duas usinas produtoras - a São Francisco e a Santo Antônio, ambas em Sertãozinho (SP) - e conta com uma área própria de cana de 20 mil hectares, dos quais 14 mil orgânicos. Outros 24 mil hectares são de áreas de produtos de terceiros, segundo Leontino Balbo Júnior. A expectativa é que toda a área plantada seja convertida ao sistema orgânico, incluindo a parte dos produtores terceirizados.

Fundada em 1947, a usina Santo Antônio deu início às operações da família. Dez anos depois, os Balbo expandiram seus negócios com a unidade São Francisco. Em um momento em que boa parte das usinas do setor passava por uma forte crise, por conta dos baixos preços do açúcar no mercado internacional, o grupo decidiu apostar na produção de produtos orgânicos, tornado-se um dos maiores fornecedores mundiais de produtos que seguem esta filosofia.