Título: HSBC estuda usar CDBs para reduzir flutuação de cotas
Autor: Angelo Pavini
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2005, EU &, p. D2

O HSBC espera reduzir a volatilidade dos fundos de longo prazo com CDBs de bancos de primeira linha, explica Fernando Meibak de Oliveira, presidente da HSBC Asset Management. Segundo ele, os papéis privados de grandes bancos nacionais e estrangeiros chegam a ser menos voláteis que os do governo, até mesmo que a LFT, corrigida pelo juro diário da Selic. O HSBC, a exemplo de outros bancos como Bradesco, Itaú e Alfa, optou por transformar todos os fundos de varejo de renda fixa, DI, multimercados e cambiais, em carteiras de longo prazo, com papéis na média acima de 365 dias. O objetivo é permitir que essas carteiras tenham direito às alíquotas menores de imposto de renda, de 17,5% para o investidor que ficar de um a dois anos e de 15% para mais de dois anos. A grande questão, a maior flutuação das cotas dos fundos por conta dos papéis mais longos, ficou em segundo plano diante do ganho do investidor com o imposto menor. Segundo Oliveira, essa volatilidade deve cair nos próximos anos. "A expectativa é de menor rentabilidade dos títulos públicos no médio prazo e por conseqüência menor volatilidade, e com isso, os fundos de varejo teriam maior vantagem no longo prazo." Para tomar a decisão, a HSBC Asset analisou os casos mais recentes de instabilidade dos mercados. Nos últimos três anos, ocorreram fatos anormais que mexeram com os juros e com os preços dos papéis. Especialmente em 2002, quando coincidiram os efeitos da incerteza com as eleições presidenciais, um ambiente de turbulência no mercado de títulos federais e o processo mais generalizado de marcação a mercado nos fundos. Esses fatores amplificaram o impacto da flutuação dos preços dos títulos nas cotas e assustaram os investidores. No cenário atual, porém, a visão de médio e longo prazos de Oliveira é favorável do ponto de vista fiscal, da dívida externa e de redução do endividamento público, diminuindo as chances de grandes turbulências. A queda na dívida federal deve levar a um processo de redução no número de LFTs e, com isso, dos prêmios pagos. O executivo lembra que interessa ao governo reduzir a parcela indexada ao juro diário e aumentar a prefixada. A queda dos prêmios das LFTs tende a reduzir sua volatilidade. Oliveira diz que, além disso, é possível fazer uma combinação de papéis privados, especialmente CDBs de "primeiríssima qualidade" corrigidos pelo juro diário do CDI (os chamados CDB-DIs) com LFTs de modo a neutralizar a volatilidade do portfólio como um todo. "O comportamento de papéis emitidos por um Citibank, um ABN Amro, um Bradesco ou um Itaú chega a ser menos volátil que os do governo", diz. Foi o que aconteceu em 2002, em meio à incerteza com o novo governo. Um dos motivos é que os negócios no mercado secundário acontecem em geral com o próprio emissor. A expectativa é que esses papéis tenham uma remuneração razoável, uma vez que os bancos estão ampliando as carteiras de crédito por conta do crescimento do país. E como os empréstimos costumam ser de longo prazo, até três anos, não deve faltar CDB acima de 365 dias para as carteiras longas. Um estudo mostrou que os investidores em fundos do HSBC ficam em média nove meses com o dinheiro aplicado, o que indica que muitos já permanecem mais de um ano e poderiam se beneficiar do imposto menor. Além disso, Oliveira lembra um aspecto favorável aos fundos em relação aos CDBs criado pela nova legislação. Como os CDBs têm prazo determinado, a cada vencimento, o cliente terá de esperar mais dois anos para obter novamente a alíquota de 15%. Já os fundos não têm prazo e o cliente que chegar aos dois anos de investimento poderá desfrutar do IR menor por tempo indeterminado. "E a vantagem do imposto de 15% é grande para o cliente." Ele considera a aplicação em fundos de longo prazo como a mais indicada para pessoas físicas diante do cenário favorável para a economia. As carteiras de curto prazo seriam interessantes para quem acredita que as condições da economia vão se deteriorar, o que justificaria ficar em papéis mais curtos e pagar IR maior, de 20% para aplicações acima de seis meses. "Mas não é esse o cenário negativo que a maioria trabalha", diz. Oliveira acha também que a medida que exclui os CDBs de emissão do gestor ou administrador do cálculo do prazo das carteiras de longo prazo não deve levar a um aumento das operações de "troca de chumbo" entre as instituições, com uma emitindo papéis longos para os fundos da outra. "Não creio que isso vá acontecer de forma significativa pois hoje a separação entre assets e tesourarias é grande."