Título: Fundos DI seguem como melhor opção no curto prazo
Autor: Flavia Lima
Fonte: Valor Econômico, 19/01/2005, EU &, p. D2

Uma eventual alta de 0,5 ponto percentual dos juros básicos da economia, como estima grande parte dos analistas, deve trazer pouco impacto para o bolso do aplicador. O Comitê de Política Monetária (Copom) decide hoje a taxa Selic. "Os mercados se adiantam aos fatos, são movidos à expectativa", afirma Gilberto Leite Cesar Filho, sócio da consultoria Argumento. Ele lembra que, desde a última ata do Copom, publicada no fim de 2004, o Ibovespa caiu de 26 mil para algo perto de 24 mil pontos, o que fez com que os fundos de ações registrassem queda média de 3,5% na primeira quinzena de janeiro, segundo dados do site Fortuna. As taxas prefixadas de um ano, por sua vez, fecharam o ano passado em 18% e hoje são negociadas a 18,40%. "O mercado esperava uma alta de 0,25 ponto percentual e, por causa do temor inflacionário, teve de rever para cima suas revisões, o que causou queda da bolsa e alta das taxas futuras", diz. Segundo ele, os fundos prefixados já registraram perdas. Quando a remuneração de um papel sobe, o preço cai. "É como se de manhã, o investidor tivesse comprado um papel a 18% e logo após o almoço o mesmo papel estivesse pagando 18,40%: ele deixou de ganhar 0,40% por ter comprado de manhã", exemplifica o consultor. Nesse cenário, os fundos DI, que seguem a curva dos juros, continuam como a melhor opção de investimento no curtíssimo prazo, diz Cesar Filho. Ele não descarta, entretanto, que as carteiras prefixadas possam produzir boas oportunidades de ganhos em um período superior a seis meses. "Um sinal de que o aperto monetário está chegando ao fim abriria espaço para operações prefixadas", diz. "Mas eu recomendaria apenas uma pequena parte da carteira." Para Paulo de Sá Pereira, estrategista-chefe da SulAmérica Investimentos, o investidor deve agir com conservadorismo. "Em um horizonte maior, porém, já dá para aplicar em prefixados porque a tendência é que as taxas caiam." Segundo Sá Pereira, a previsão da equipe da SulAmérica, que era de manutenção da taxa Selic até junho, foi revista. "Alteramos as expectativas para as próximas reuniões, mas ainda assim não descartamos um alta de apenas 0,25 ponto hoje", diz, ressaltando que a retomada da tendência de queda deve ocorrer em julho. O consultor da Argumento diz que uma alta inferior à esperada pode trazer ganhos aos prefixados, que hoje já embutem um aumento de 0,5 ponto na Selic. "Entre os multimercados, tudo vai depender da posição de cada fundo", diz. Alexandre Maia, economista-chefe da GAP Asset Management, afirma que o mercado demorou a perceber os sinais de aceleração inflacionária, mas acredita que o momento de reavaliação da política de juros deve estar próximo. "A ata da semana que vem pode conter elementos indicativos de que o BC irá olhar o efeito dos aumentos sobre a economia real, ou seja, de que o aperto está perto do fim." Para Cesar Filho, mais do que prestar atenção às oscilações dos títulos, o investidor deve ficar atento às novas regras de tributação dos fundos. Carteiras compostas por papéis com vencimento acima de 365 dias terão direito à tabela regressiva de imposto de renda, de 22,5% a 15% de acordo com o prazo de permanência do investidor. Já os fundos com títulos de curto prazo pagarão no mínimo 20% de IR, após seis meses de aplicação. "Mais importante do que saber se um título paga 18% ou 17%, é saber em que tipo de carteira se está investindo". Ele lembra que um papel que rende 17% pode ser mais atrativo do que outro que paga 18%, se estiver numa carteira de prazo médio acima de um ano.