Título: Vale amplia exportações para mercado chinês
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 17/11/2006, Empresas, p. B1

A Vale do Rio Doce ampliou ontem o fornecimento de minério de ferro para a China. Ela fechou novos contratos (19,4 milhões de toneladas anuais entre 2007 e 2017) e aditivos de contratos já existentes com siderúrgicas locais (8,1 milhões de toneladas anuais entre 2008 e 2031). O negócio reforça a posição da brasileira como a mais importante fornecedora de minério de ferro para a China.

As rodadas de negociação entre siderúrgicas e mineradoras para acertarem um novo preço do minério a vigorar em 2007 devem começar até o início de dezembro, como destaca em relatório divulgado ontem Rodrigo Barros, analista de mineração e siderurgia do Unibanco. Ele cita informações que circularam no site chinês My Steel, de que o preço do minério da Vale do Rio Doce pode ter um reajuste num intervalo entre 5% a 15% em 2007, segundo uma fonte da própria empresa.

O analista do Unibanco prefere usar como parâmetro para suas projeções o mercado spot de minério, cujo comportamento, a seu ver, justifica uma alta do minério da Vale entre 5% a 12%. No seu cenário básico, Barros trabalha com um reajuste de 8%. Este percentual, segundo explica, corresponde a dois terços do prêmio do minério no mercado spot, de 12% em relação ao preços das vendas da Vale nos contratos de longo prazo.

Barros desenha um cenário apertado para o mercado de minério pelo menos até 2009. A partir de 2010, ele acredita que poderá haver um aumento mais vigoroso da oferta por conta da entrada de novas mineradoras, como as brasileiras MMX e Casa de Pedra, da CSN, e outras da Austrália.

Baseado em recentes visitas aos Estados Unidos e Europa, onde se encontrou com 50 investidores institucionais, Barros constatou que existe um sentimento entre os investidores de que o minério estará 5% mais caro em 2007.

Os sintomas de pouca oferta do produto já elevaram significativamente os preços do mercado spot, assinalou. Neste mercado o minério já é negociado a US$ 72,5 por tonelada para a China, incluindo o frete. Outro fator importante é que o minério chinês de melhor qualidade está escasseando. O teor de ferro no minério chinês era de 32% em 2004 e agora Barros calcula que esteja entre 20% e 25%. Em algumas minas chega a 10%. O teor de ferro nas minas da Vale do Rio Doce é de 52,1% no sistema sul e de 66,8% no sistema norte. Isto, in natura, sem ser concentrado.