Título: BID quer financiar o mercado imobiliário
Autor: Bautzer, Tatiana
Fonte: Valor Econômico, 16/11/2006, Finanças, p. C1

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) espera triplicar nos próximos anos a carteira de empréstimos ao setor privado, elevando o percentual de 3% para 10% do total. O novo vice-presidente de finanças do banco, Joaquim Levy, espera que o Brasil seja classificado como "grau de investimento" em 2008 e está buscando novas operações de crédito para o Brasil. Levy citou o cálculo de necessidade de investimento em infra-estrutura de US$ 40 bilhões, lembrando que a maior parte deve ser feita pelo setor privado. Levy acredita que o "investment grade" virá mais rápido se o governo federal e os Estados conseguirem cortar gastos e impostos.

Uma das alternativas em análise é a concessão de linhas de crédito em reais para financiamento imobiliário. Não há nada fechado ainda, mas o banco tem uma experiência semelhante no México. Segundo alguns bancos brasileiros, embora as linhas do BID tenham a vantagem do longo prazo, o empecilho ainda é o custo. O banco ainda não consegue captar a custos muito menores do que a República, "benchmarks" do mercado, apesar de apresentar o melhor risco possível, "triple A". O BID, segundo Levy, está conseguindo captar em reais "muito pouco" abaixo do custo da República.

O BID quer apoiar com uma linha de crédito a proposta da Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) de uma nova clearing de comércio exterior na América do Sul. A necessidade de moeda estrangeira para operações na região cairia em 80%. O BID pretende oferecer uma linha de garantia em dólares que cubra "catástrofes" no mercado que impeçam a liquidação. (TB)