Título: G-4 quer acelerar reforma do Conselho da ONU
Autor: Moreira, Assis
Fonte: Valor Econômico, 10/11/2006, Brasil, p. A6

O Brasil, Alemanha, Índia e Japão, que formam o chamado G-4, querem obter num prazo de dez meses a expansão do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que consideram alta prioridade para refletir a nova realidade internacional. O prazo para evitar que o tema se arraste na ONU foi praticamente definido ontem, em Genebra, durante reunião de altos representantes dos quatro países que querem ter assento permanente nesse diretório político do planeta.

O próximo debate no plenário da assembléia da ONU sobre a extensão do Conselho de Segurança será no dia 11 do mês que vem, o que levou os quatro a formular estratégias ontem em Genebra.

Em comunicado, o grupo diz que "se comprometeu a trabalhar com outros países no futuro imediato com vistas a uma decisão sobre o assunto durante a atual sessão da assembléia geral". Essa sessão vai até setembro do ano que vem, quando começa a próxima assembléia geral.

"A reforma da ONU não estará completa sem a extensão do Conselho de Segurança e isso é de alta prioridade para nós, inclusive para corrigir o déficit democrático", disse o embaixador Antonio Patriota, subsecretário-geral político do Itamaraty, Antonio Patriota, que representou o Brasil ao lado do embaixador brasileiro na ONU, Ronaldo Sardenberg, e da diretora do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, Maria Luiza Viotti.

O Conselho de Segurança é composto por cinco membros permanentes com direito a voto e veto, e dez não permanentes, com direto apenas a voto, numa divisão política que vem de acordo entre as potências depois da Segunda Guerra Mundial.

O G-4 propôs a ampliação do órgão para 25 membros, sendo seis permanentes e quatro não permanentes. A África, porém, quer mais e tampouco aceitou a proposta do grupo de abrir mão do direito de veto por 15 anos.

Uma coalizão integrada pelo Paquistão, que não quer a Índia no conselho, e por Espanha e Itália, que tampouco têm simpatia por um assento para a Alemanha, propôs um conselho ampliado apenas com postos não-permanentes. Agora, o G-4 vai acelerar as negociações "com todos os países, sem discriminação" para tentar decidir de vez a expansão. Os Estados Unidos oficialmente só têm defendido um país para membro permanente: o Japão. (AM)