Título: Paraná retoma crescimento, mas para empresários a atividade está "frouxa"
Autor: Bueno, Sergio e Lima, Marli
Fonte: Valor Econômico, 09/11/2006, Brasil, p. A4

Depois de diversas quedas, o IBGE mostrou que a produção da indústria do Paraná cresceu 0,4% em agosto em relação a julho. A Federação das Indústrias do Estado (Fiep) constatou que, na comparação com igual período do ano anterior, as vendas reais aumentaram 3,69% no primeiro semestre, percentual que cresceu para 4,43% até setembro. Em setembro contra setembro de 2005 o crescimento real foi de 3,67%, segundo Fiep.

De acordo com a Associação Comercial do Paraná (ACP), em setembro, a taxa de inadimplência na Grande Curitiba e no litoral foi de 0,1% - menor que a de 0,55% registrada no mesmo mês de 2005. Além disso, de acordo a Secretaria da Fazenda, a arrecadação nos nove primeiros meses subiu 6,4% em termos nominais.

À primeira vista, os números podem ser interpretados como uma recuperação da economia paranaense. Mas os empresários ainda têm dúvidas se os problemas ficaram realmente para trás. "Estamos numa corda bamba. A economia está frouxa, sem firmeza", diz o presidente da Fiep, Rodrigo da Rocha Loures. De acordo com ele, a indústria deve crescer 3% em 2006, o que considera pouco. O número esperado era pelo menos 5%.

Para o economista José Pio Martins, professor do Centro Universitário Positivo (Unicenp), o Paraná continua sofrendo os reflexos do que aconteceu nos últimos meses. Além da queda na produção e nos preços das commodities e do câmbio desfavorável, o Estado teve de conviver com a febre aftosa, a gripe aviária e as brigas entre produtores e governo pelos transgênicos.

"Há sinais de que pode haver recuperação, mas é cedo para contar com isso e é preciso esperar a próxima safra", avalia Martins. Na opinião do professor, a economia estadual pode ser fortalecida caso sejam verificados alguns pontos, como maior safra de verão, mudanças no câmbio e aumento dos preços das commodities.

O inspetor de arrecadação da Secretaria da Fazenda, Francisco de Assis Inocêncio, informou que o setor industrial continua segurando o crescimento da arrecadação de ICMS no Estado, com crescimento de 9,3%. Até porque engloba a Petrobras, maior contribuinte do Estado.

O segmento industrial responde por 55,2% da arrecadação, que somou, janeiro a setembro, R$ 6,8 bilhões. Em setembro, ela foi de R$ 778 milhões, ou 8,3% maior que em setembro de 2005. No levantamento do período, apresentaram desempenho negativo a agricultura (menos 47%) e o comércio varejista (menos 6%).

No comércio, a inadimplência controlada não é vista como aumento de dinheiro em circulação. Na opinião de Élcio Ribeiro, vice-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP), isso pode ser interpretado de diversas formas. As pessoas que já tiveram problemas com crédito e regularizaram a situação querem evitar novos constrangimentos. Por outro lado, o lojista estaria sendo mais criterioso na liberação de crédito. "Ainda não é reflexo de melhora na economia", afirma.

No entanto, com base no movimento do Dia das Crianças - as vendas aumentaram 9,5% - os comerciantes estão confiantes também nos resultados do Natal. Ribeiro adiantou que as perspectivas são de vendas de 6% a 8% maiores. A ACP informou que a inadimplência líquida anualizada, de outubro de 2005 a setembro de 2006, ficou negativa em 0,15%.

Segundo o IBGE, embora o desempenho da indústria tenha sido positivo de julho para agosto em 0,4%, em relação a agosto de 2005 houve queda de 0,6%. No ano, a diminuição da produção chega a 3%.