Título: Maioria na Câmara e Senado indefinido
Autor: Balthazar, Ricardo
Fonte: Valor Econômico, 09/11/2006, Internacional, p. A12

Sem ser uma avalanche, a oposição ao presidente George Bush obteve uma vitória significativa nas eleições de anteontem nos EUA. O Partido Democrata conquistou maioria na Câmara dos Deputados e virou o placar de governadores do país. A definição quanto à maioria no Senado deve sair só em dezembro, após recontagem de votos em ao menos um Estado.

Na Câmara, os democratas tinham asseguradas ontem 229 das 435 cadeiras. Para a maioria, bastam 218. Os republicanos tinham 196. Dez disputas continuavam indefinidas, sendo que algumas podem ir para recontagem. Nos EUA o voto é distrital, e em quase todos os distritos os partidos podem indicar só um candidato, o que torna a disputa um contra um. Poucos candidatos independentes se destacam no sistema político americano. Desta vez, nenhum foi eleito.

Na Câmara, os democratas conseguiram ganhar 29 cadeiras (sem contar as 10 indefinidas), sendo 28 que estavam com os republicanos e uma com um independente. Avalia-se que o saldo democrata possa chegar a 30 ou 31. Antes da votação, projeções indicavam que o partido poderia ganhar de 20 a 35 cadeiras. Ou seja, a vitória democrata ficou dentro das estimativas.

Além de tomar essas 28 cadeiras republicanas, os democratas não perderam em nenhum dos distritos que haviam conquistado na eleição de 2004.

A corrida pelo Senado, onde apenas 33 das 100 cadeiras estavam em disputa, está mais acirrada. Os democratas conseguiram ganhar cinco cadeiras ocupados por republicanos, segundo projeção da TV CNN, e terão ao menos 50 senadores, contra 49 dos republicanos. Restava definir o Estado da Virgínia, onde a apuração deu vantagem para um democrata, mas por margem tão pequena que provavelmente haverá recontagem. Assim, a definição deve ficar para dezembro.

Se os democratas ganharem essa cadeira, obtém maioria de 51 das 100 cadeiras. Se os republicanos ganharem, o Senado fica dividido ao meio. Isso significa que o vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, que também é presidente do Senado, pode dar o voto de minerva, mantendo a maioria republicana.