Título: Maggi lista cargos federais que pedirá a Lula
Autor: Zanatta, Mauro e Galvão, Arnaldo
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2006, Política, p. A8

O governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi, apresenta hoje ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva a conta de seu apoio ao segundo mandato do petista. E a conta será bem salgada.

Com apoio dos 13 partidos da aliança que o reelegeu em primeiro turno no Estado, Maggi pedirá a Lula o direito de comandar 12 postos-chave federais em Mato Grosso e de indicar outros 12 nomes para diretorias e superintendências nacionais em Brasília. Para isso, Maggi também conta com o aval do deputado Carlos Abicalil (PT-MT), mais votado no Estado nas eleições de outubro, com 128 mil votos.

Única liderança ruralista de peso a declarar apoio a Lula, Maggi quer acomodar seu braço direito, o suplente de senador eleito Luiz Antonio Pagot, em um desses cargos, de preferência na área de infra-estrutura, especificamente de transportes. Em Brasília, Maggi quer postos de expressão no Banco do Brasil, Caixa Econômica, Funasa, Incra, Ibama, Eletronorte, DNIT, Agência de Desenvolvimento da Amazônia (ADA) e nos ministérios da Integração Nacional, Meio Ambiente, Cidades e Turismo. No Estado, também quer o comando do INSS e da Receita Federal. "Podemos ajudar. Mas queremos cargos operacionais", resumiu Pagot ao Valor.

Apesar de negar publicamente, o governador também será ouvido na escolha do novo ministro da Agricultura. Ontem, reafirmou não ter sido consultado. Sobre um eventual convite a Delfim Netto (PMDB-SP), Maggi afirmou que ele foi um "grande ministro", mas que tem quase 80 anos. "O Brasil precisa de gente que tenha capacidade para correr o país inteiro. Se ele tiver essa disposição, ok", disse.

Em visita a vários ministérios, Maggi negociou ontem pedidos no governo. Obteve a promessa de receber R$ 66 milhões da Conab por um ajuste na tributação da venda de alimentos e de ter liberados R$ 41 milhões em emendas parlamentares para habitação e saneamento. Maggi também pediu recursos para a recuperação de quatro prédios do patrimônio histórico de Cuiabá.

Em companhia do colega de Mato Grosso do Sul, Zeca do PT, o governador reuniu-se com o secretário do Tesouro, Carlos Kawall, para pedir a liberação de garantias das dívidas renegociadas desses Estados, no valor total de US$ 60 milhões. A proposta é pagar a União em 36 parcelas. Kawall disse a Maggi que aguarda um parecer do Procurador-Geral da Fazenda Nacional, Luís Inácio Lucena Adams, para avaliar o pedido dos Estados.

Ao fim do encontro, Maggi explicou que dez estados têm interesse nessa liberação de suas respectivas cauções à disposição da União. A garantia foi exigida em 1996, quando os passivos dos Estados foram refinanciados e títulos foram comprados no mercado internacional. "Como o Brasil resgatou essa dívida, na nossa ótica essa caução não é mais válida e pode ser devolvida", justificou Maggi. Segundo ele, à época em que a dívida foi contraída, Mato Grosso pagava R$ 200 milhões por ano à União. O volume financeiro quitado neste ano chegou a R$ 670 milhões. Por essa interpretação, o governador acredita que seu Estado quitará sua dívida muito antes do prazo final previsto para 2027.

Maggi afirmou que todos os Estados têm problemas com suas dívidas refinanciadas com a União. Isso porque, em 1996, os governadores não tiveram possibilidade de discutir nada, segundo ele. "Estava todo mundo enforcado e assinaram. Olhando para esses dez anos, percebemos que aquela negociação não foi boa para os Estados", lamentou.

Na sua análise, Maggi diz que "está sendo sacrificada" toda uma geração - "e será sacrificada outra" - se os Estados não tiverem dinheiro para fazer investimentos. "Enxugamos tudo o que podíamos e estamos em cima dos outros Poderes. Um relaxamento nesse endividamento ou uma prorrogação, uma carência de dois anos, qualquer coisa que venha a aliviar significa ter mais dinheiro para investir em infra-estrutura ou na área social, e não em pessoal", avaliou.