Título: Aécio acerta com bancada mineira prioridades de votação no Congresso
Autor: Moreira, Ivana
Fonte: Valor Econômico, 08/11/2006, Política, p. A8

O governador de Minas, Aécio Neves (PSDB), começou ontem a traçar com deputados federais a estratégia de atuação da bancada mineira em relação ao Orçamento de 2007 e também às reformas que deverão entrar na pauta do Congresso no próximo ano. "As reformas tributária e política e o novo pacto federativo são assuntos que o governador acha que o PSDB tem de ter uma atitude muito pró-ativa, colocando uma pauta para que o país possa discutir e avançar de forma a atender às demandas que a sociedade hoje está cobrando", comentou depois do encontro o deputado Nárcio Rodrigues, que é presidente do diretório mineiro do PSDB.

Da reunião no Palácio das Mangabeiras participaram também o deputado Custódio Mattos, de Minas, e Eduardo Gomes, do Tocantins. Uma das bandeiras que Aécio quer ver a bancada mineira defendendo e a do ressarcimento aos Estados da desoneração das exportações. Para isso, quer que os mineiros atuem articulados com as bancadas dos outros Estados exportadores.

"É muito importante estabelecer regras e fazer valer o interesse dos Estados exportadores", declarou o presidente do PSDB de Minas. "Nós só conseguimos votar o Orçamento de 2006 em abril deste ano e o atraso decorreu exatamente da falta de entendimento sobre a Lei Kandir". Para o tucano, se faltar sensibilidade ao governo federal, é grande a chance de que o mesmo ocorra com a votação do Orçamento de 2007.

Outra batalha que a bancada mineira deverá travar é pela estadualização das rodovias federais, uma proposta que Aécio já levou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O que o mineiro propõe é a transferência da Cide, imposto que incide sobre os combustíveis, para os Estados, de forma proporcional à malha viária federal de cada um. "O DNIT (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) não tem a menor condição de atender as demandas nacionais e a experiência de Minas mostra que, com a estadualização, teríamos uma possibilidade de tratar melhor a malha viária do país", comentou Nárcio Rodrigues.

O parlamentar mineiro negou ontem que já exista um acordo firmado entre São Paulo e Minas para definir as lideranças do PSDB no Congresso. Rodrigues, que esteve pessoalmente discutindo o assunto com o governador eleito de São Paulo, José Serra, afirmou que não é uma "tese consagrada" a de que os paulistas ficarão com a liderança da bancada e os mineiros com a vice-presidência da mesa. "Este é um assunto que tem até fevereiro para ser discutido", desconversou ontem.

Ontem, a governadora eleita do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), procurou o presidente Lula, por meio de seus assessores, para tentar uma aproximação. Nos próximos dias, a tucana espera se reunir com o presidente, para um primeiro contato depois das eleições. Com dificuldades de caixa, o Estado tem uma dívida de R$ 30,2 bilhões com a União. (Com agências noticiosas)