Título: Reduziram as filas, mas o rombo é extenso
Autor: Jeronimo, Josie
Fonte: Correio Braziliense, 31/12/2010, Política, p. 6

A tecnologia agilizou o atendimento na Previdência. A inovação, porém, ainda precisa chegar à gestão da área. O deficit na conta chega a R$ 40 bilhões

Luiz Inácio Lula da Silva deixa a Presidência com um Ministério da Previdência Social bem diferente do retratado em seu primeiro ano de governo, 2003, quando, por um erro gerencial e falta de estrutura das agências, idosos com mais de 90 anos foram convocados para um recadastramento. Após o episódio, o governo Lula tomou como uma obsessão administrativa melhorar o atendimento dos beneficiários. Associando a tecnologia da internet a das centrais de atendimento telefônico, a pasta que será comandada pelo senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), a partir do início do ano, conseguiu trocar as traumáticas filas por uma média de espera de 30 minutos.

Desde a criação do agendamento eletrônico, 316,9 milhões de pessoas foram atendidas utilizando o método de triagem. Por dia, a central da Previdência recebe uma média de 250 mil telefonemas. A ampliação do número de agências entrou como reforço da informatização do atendimento. Lula deixa a Presidência com 1.173 postos do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), 720 a mais, e a presidente eleita, Dilma Rousseff, assume com o compromisso de fazer outras 657 agências da Previdência em 2011. A certificação digital, método que garante a autenticidade de documentos enviados pela internet, também é um desafio para o próximo ano.

Se a melhora no atendimento caminha, o desafio para Dilma Rousseff é providenciar mudanças no sistema de gestão previdenciária. A discussão da reforma da Previdência é uma pauta já calculada pelos líderes governistas no Congresso. Se as Casas não tiverem unidade política para votar grandes reformas, os parlamentares se debruçarão pelo menos no debate do fator previdenciário. Apesar de o índice que calcula o valor das aposentadorias com base na expectativa de vida e tempo de contribuição dos beneficiários ter sido derrubado, o governo vai insistir na permanência do fator, apostando em novas regras.

Mau funcionamento O atual rombo nas contas da Previdência é estimado em R$ 40 bilhões. Especialistas ouvidos pelo Correio apontam que o mau funcionamento de políticas sociais ¿ ligadas à geração de empregos formais e ao acolhimento de cidadãos com dificuldade de se manter no mercado de trabalho ¿ é responsável pelo consumo de grande parte dos recursos que pagam os benefícios dos contribuintes. De acordo com informações da assessoria da pasta, atualmente 7,1 milhões de trabalhadores rurais e 1,1 milhão de pessoas que nunca contribuíram recebem benefícios previdenciários.

REFORMA ASSISTENCIAL Feito » Agendamento eletrônico do atendimento previdenciário

» Criação de 720 novas agências, ampliando a rede para 1.173

» Redução do tempo de espera dos usuários para média de 30 minutos

» Envio de carta-aviso informando ao contribuinte que ele pode se aposentar

» Aumento da arrecadação entre os trabalhadores de regiões urbanas

» Programa de inclusão de trabalhadores informais na rede previdenciária

A fazer » Criação 657 novas agências em 2011

» Implantação da certificação digital, que possibilitará que o beneficiado dê entrada na documentação necessária para aposentadoria ou pensão sem sair de casa

» Política fixa de reajuste para aposentados que ganham mais de um salário mínimo

» Aprovação de um novo modelo para substituir o fator previdenciário

» Ampliação da cobertura da Previdência, que atualmente atinge apenas 67% dos brasileiros, com ênfase nos trabalhadores informais e da agricultura

» Política de popularização da previdência privada para garantir renda extra aos aposentados em virtude da redução do benefício