Título: CVM abrirá processo para investigar os fundos do Banco Santos e do Basa
Autor: Catherine Vieira
Fonte: Valor Econômico, 28/12/2004, Finanças, p. C2

Levar a fiscalização dos fundos de investimentos até as agências e sites dos bancos e estimular a educação dos milhões de cotistas que aplicam nesses produtos estão entre as grandes prioridades da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para 2005. A intervenção do Banco Santos e suas conseqüências só aumentaram a crença do presidente da autarquia, Marcelo Trindade, da importância que esses assuntos devem ter na CVM. Paralelamente, ele pretende, também, abrir inquéritos administrativos para investigar irregularidades nos fundos do Santos e do Banco da Amazônia (Basa) - que aplicava em ativos do Santos - e julgar esses processos ainda em 2005. Prazo curto, se comparado, por exemplo, com casos como o do Nacional, que só foi julgado no ano passado. "Não estamos com tanta pressa, porque queremos investigar com critério, mas vamos julgar até o fim de 2005, até porque, uma vez que o processo esteja aberto, isso será rápido", disse. Para auxiliar os investidores do Santos, a autarquia também acaba de atualizar as carteiras de novembro dos fundos da instituição, para que eles tenham a exata noção de como estavam suas aplicações no momento da intervenção. Alguns, como o Credit Yield e o Santos Virtual, tinham a carteira quase que integralmente aplicada em Cédulas de Crédito Bancário (CCBs) e CDBs de emissão do próprio Santos. Adicionalmente, Trindade pretende fazer mudanças nas recém-criadas regras do setor de fundos para definir limites adicionais para determinados ativos e emissores que tentem coibir situações como as que ocorreram nos fundos do Santos. Para Trindade, o caso do Basa é tão ou mais emblemático para o mercado do que o do Santos. "Neste último, a aplicação mínima inicial era menor e o número de cotistas era pouco menor que dois mil", lembrou Trindade. "Já no Basa eram quatro mil cotistas atingidos, a aplicação mínima era muito mais baixa e havia muitas falhas na informação aos investidores", afirmou, lembrando que, no site do banco, um dos fundos que apresentaram perdas de até 85% era classificado como "conservador". É por conta de problemas como esse que a informação ao investidor tornou-se o assunto preferido do 'xerife' do mercado. "Vamos fazer as mudanças necessárias nas regras, mas sabemos que isso não é suficiente, pois os acontecimentos mostram que os investidores não estão suficientemente informados dos riscos que correm", diz Trindade. "Por isso queremos sofisticar a nossa maneira de fiscalizar, chegando às agências, aos sites e também fazendo um esforço para que não só chegue mais informação ao investidor, como também essa informação seja mais didática e palatável." O atual 'sonho de consumo' de Trindade é um grande site interativo, com jogos, perguntas e navegação agradável, totalmente voltado para as necessidades do investidor. "Estou convencido de que a internet pode ser esse grande canal de comunicação com o investidor", disse Trindade. "Meu sonho é que um dia possa entrar no nosso site, abrir a carteira do fundo e encontrar uma figura com o percentual de cada ativo, nos quais possa clicar e encontrar uma explicação, em português claro, sobre o que é aquele ativo, que risco ele pode trazer e pedindo que entre em contato com a CVM caso ainda tenha alguma dúvida", concluiu.