Título: Empresas brasileiras se destacam no genoma bovino
Autor: Bouças, Cibelle
Fonte: Valor Econômico, 06/11/2006, Agronegócios, p. B12

Como acontece no segmento de grãos, as pesquisas com genoma bovino feitas no Brasil já foram dominadas pela iniciativa privada.

Em 2003, o seqüenciamento do gado zebuíno foi feito em parceira pela Central Bela Vista - empresa do pecuarista Jovelino Mineiro - e pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), com financiamento de R$ 3 milhões da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).

Nos dois anos seguintes, as pesquisas foram lideradas pela Central Bela Vista e pela Univesidade Estadual de São Paulo (Unesp). "A Fapesp financiou o seqüenciamento e a Bela Vista quis continuar o projeto. Hoje só usamos recursos próprios", afirma Maurício Nabuco, gerente da empresa. Nos últimos três anos, a Bela Vista investiu R$ 4 milhões em marcadores genéticos que facilitam a seleção de animais com melhores características comerciais. Paralelamente, as nacionais Indicus e Vitrogen, além da americana Merial, jogaram suas fichas nos genomas bovino e ovino.

A Merial já gastou globalmente US$ 5 milhões nesse campo e quer lançar no Brasil 96 marcadores genéticos, segundo Henry Berger, gerente do programa da múlti na América Latina. No país, vale notar, as pesquisas com gado leiteiro são em parceria com a Embrapa.

A Indicus Biotecnologia, do Grupo Genoa, investiu US$ 4 milhões nos últimos três anos em pesquisas com genoma do boi e já comercializa marcadores para gado de cortem enquanto a Vitrogen apostou na clonagem de bovinos e ovinos de elite e hoje exporta parte da produção à América do Sul.

A Embrapa também pesquisou o genoma bovino em parceria com o Serviço de Pesquisa Agrícola do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA/ARS). José Manuel Cabral, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, diz que, agora, a estatal desenvolve vacas que dêem leite com hormônio de crescimento, fator anti-tumoral e fator de coagulação. "São medicamentos caros, em parte importados. A idéia é oferecer uma opção para elevar oferta e reduzir preços, mas isso demanda tempo e dinheiro".

Nabuco, da Central Bela Vista, diz que nos EUA os projetos com genoma bovino têm subsídios do governo. O país já aplicou mais de US$ 50 milhões em pesquisas na área, enquanto no Brasil o valor gira em torno de US$ 2 milhões.

Em sementes, como informou o Valor, o grosso dos aportes no país já é privado, sobretudo de múltis. DuPont, Syngenta, Bayer CropScience e Coodetec gastaram R$ 94 milhões em infra-estrutura e pesquisas este ano. (CB)