Título: BNDES libera 5% mais até novembro, mas projetos aprovados sobem 23%
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 12/12/2006, Brasil, p. A2

O BNDES deve fechar o ano desembolsando entre R$ 48 bilhões e R$ 49 bilhões, valor pouco acima dos R$ 47 bilhões de 2005. Até novembro, liberou R$ 42 bilhões ou 5% a mais do que no ano passado, com destaque para projetos da indústria e de infra-estrutura. Em novembro, isoladamente, o banco liberou R$ 6,7 bilhões. Para 2007, a diretoria está mais otimista e trabalha com um orçamento projetado de R$ 54 bilhões, apurou o Valor.

Francisco Eduardo Pires de Souza, assessor da área de Planejamento do banco, acredita que no ano que vem o BNDES vai ter uma demanda bem mais aquecida por empréstimos para projetos de investimento, como estão sugerindo os indicadores de aprovação, enquadramento e consultas apurados até novembro.

Os números acumulados de projetos aprovados em onze meses somam R$ 61,3 bilhões ou 23% acima do mesmo período de 2005. São projetos que já estão no portfólio do banco, só dependendo do sinal verde da diretoria. Os enquadrados atingiram R$ 84,5 bilhões ou 13% a mais e as consultas, que sinalizam intenção futura para investir, alcançaram R$ 89,8 bilhões.

O economista do banco acredita que uma boa parte destes projetos aprovados , principalmente aqueles de setores com vantagens comparativas claras, como celulose, papel e metalurgia, são para a construção e montagem de novas fábricas. Isso significa aumento da capacidade instalada da indústria, ou seja, um crescimento da oferta de bens num cenário de demanda aquecida no próximo ano.

"Não vejo como não acontecer isto em 2007. Estes indicadores estão sugerindo que vamos ter um ano um pouco mais forte. Se a formação bruta de capital fixo (FBCF) em 2006 crescer perto de 7%, acima do Produto Interno Bruto (PIB) - pouco abaixo de 3% -, estaremos expandindo a capacidade instalada das fábricas em um ritmo de expansão não inflacionário", avaliou Pires de Souza.

Os números acumulados em onze meses apontam a indústria como a maior beneficiária das liberações de recursos do BNDES, tendo recebido até novembro R$ 21 bilhões ou 6% a mais que em 2005. A infra-estrutura vem em seguida, com R$ 14,7 bilhões e comércio e serviços, com R$ 2,4 bilhões. Em termos relativos, este setor foi o que mais cresceu (18%) em relação a 2005, com financiamentos para novos shoppings, transportes e projetos imobiliários.

O setor agropecuário teve queda de 18% nos desembolsos do banco até novembro. A crise da agricultura vai influir no volume de recursos liberado pelo banco este ano. Mas, como explicou Souza, este efeito negativo já começa a ser diluído e os empréstimos agrícolas começam a se recuperar, ajudados inclusive pela queda da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que chegou ao patamar mais baixo de sua história, de 6,85%.

As liberações da Finame, que incluem máquinas e equipamentos, ônibus e caminhões, cresceram 13% de janeiro a novembro, depois de cair no início do ano. O financiamento às pequenas e médias empresas declinou 7% em relação a 2005, somando R$ 9,8 bilhões no acumulado até novembro.