Título: Investimento de estatais cresce 27% em 2006
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Fonte: Valor Econômico, 12/12/2006, Brasil, p. A5

Mesmo com o atraso na aprovação da lei orçamentária da União para este ano, as estatais federais conseguiram investir, até outubro, cerca de R$ 5 bilhões a mais do que em igual período de 2005. Em dez meses, os investimentos dessas empresas alcançaram R$ 23,667 bilhões, o que representou crescimento de 27,6% sobre os R$ 18,546 bilhões registrados de janeiro a outubro do ano passado.

Os números foram divulgados pelo Ministério do Planejamento, a quem está submetido o Departamento de Coordenação e Controle das Empresas Estatais (Dest). Relativamente ao volume aprovado pelo Congresso para cada um dos anos em questão, a execução orçamentária de investimentos também melhorou em 2006.

Em 2005, na média, as empresas federais conseguiram investir, até outubro, 51,5% do que estava programado para o ano todo. Nos primeiros dez meses de 2006, esse percentual alcançou 55,9%. O diretor do Dest, Eduardo Carnos Scaletsky, reconhece que, para dez meses, o percentual é baixo. " O cronograma de investimentos está atrasado", diz. Mas ele pondera que, se for levado em conta o padrão histórico dos últimos anos, a execução de 2006 está melhor.

Scaletsky acredita que, até final de dezembro, serão executados mais de 80% do total de R$ 42,34 bilhões autorizados para o conjunto de empresas federais. Em 2005, de um total previsto de R$ 35,814 bilhões, foram executados 78,4%.

Como em anos anteriores, em 2006 o desempenho em relação ao orçado não está sendo uniforme. O grupo Eletrobrás, por exemplo, desembolsou até outubro R$ 2,152 bilhões, 41% do previsto para o ano. Já o grupo Petrobras, que programou R$ 32,184 bilhões até dezembro, investiu em dez meses cerca de 63,1% desse valor, o que representa R$ 20,309 bilhões.

Entre os mais baixos percentuais de execução orçamentária de investimentos está o das companhias Docas, ligadas ao Ministério dos Transportes. Faltando apenas dois meses para acabar o ano, elas conseguiram investir R$ 60,574 milhões, apenas 13,8% do previsto para o ano.

Tanto na área da Eletrobrás quanto na área de portos, a realização de projetos de investimentos tem esbarrado em entraves que não dependem só do governo para ser removidos, diz o diretor do Dest. Há dificuldades, por exemplo, para obtenção de licenças ambientais, entre outros problemas.

Em 2006, especificamente, houve um fator adicional. Por causa do atraso na aprovação pelo Congresso, a lei orçamentária só entrou em vigor em meados de maio. Conforme Scaletsky, isso não paralisou investimentos que já tinham começado no ano anterior, mas, durante quase cinco meses, impediu o início de novas obras.