Título: Aldo arregimenta frente de apoio que reúne deputados do PT ao PFL
Autor: Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 12/12/2006, Política, p. A8

O presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), arregimenta uma frente suprapartidária em apoio à sua candidatura à reeleição que vai desde o PT dos deputados José Eduardo Martins Cardoso (SP) e Paulo Pimenta (RS) até o líder do PFL na Casa, Rodrigo Maia (RJ). Um grupo do PSDB, do qual faz parte o deputado Luiz Carlos Hauly (PR), também é aguardado. Os pemedebistas aliados do presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), poderão participar.

É um claro movimento contra a iniciativa petista de tentar aprovar um candidato do partido a presidente da Casa. "A idéia é, nessa semana, antes de os deputados saírem para o Natal, fazermos um ato para consolidadas e reforçar a candidatura do presidente Aldo à reeleição", revela o vice-líder do PSB na Câmara, Renato Casagrande (ES). O grupo ainda não sabe como se dará o evento. Poderá ser um almoço ou um jantar. Também não há definições de local: se na casa de um dos organizadores do ato ou em um restaurante de Brasília.

Filiado a um partido pequeno, o PCdoB, que tem uma bancada de apenas 13 deputados, Aldo sabe da necessidade de reunir um elevadíssimo número de apoios para poder confrontar a candidatura do deputado petista Arlindo Chinaglia (SP). O PT elegeu a segunda maior bancada da Câmara e tem mostrado obstinação na disputa pela presidência. O movimento dessa semana terá o PSB e o PCdoB como principais organizadores, mas a expectativa é de adesão de grupos de bancadas bem mais expressivas.

Dois importantes apoios a Aldo partirão da própria Mesa Diretora da Câmara. Ciro Nogueira (PP-PI), 2º vice-presidente da Casa, já confirmou presença ao evento. Pré-candidato ao cargo, Nogueira tem dito que só disputará efetivamente a presidência se Aldo desistir. A mesma postura tem sido adotada por Inocêncio Oliveira (PFL-PE), segundo secretário da Câmara. Ele deverá participar do encontro e selar o apoio ao comunista.

Em evento na Câmara na manhã de ontem, Aldo deu pistas de que poderia ter o apoio de diversos partidos. Aproveitou para dar uma alfinetada em Chinaglia, que até agora conta com apoio formal apenas da bancada do PT. "A candidatura à presidência da Câmara ou é algo de toda uma instituição ou um projeto que seja apoiado por bancadas amplamente majoritárias", disse o presidente. "Não teria sentido o lançamento da minha candidatura de forma isolada", completou, ao reconhecer a pouca expressão de sua própria bancada.

Tais movimentações, somadas à simpatia do presidente Lula a Aldo, poderão atrapalhar a candidatura de Chinaglia. Ontem, o presidente interino do PT e assessor especial do presidente da República, Marco Aurélio Garcia, deu um recado ao petista pré-candidato: o Planalto não aceitará duas candidaturas.

"Nós queremos ter um candidato para a presidência da Câmara. O Arlindo é um nome pra valer. É um nome muito bom que está sendo submetido à coalizão. Eu acredito que ele possa ser o presidente da Câmara, mas isso não é uma coisa inamovível. O Arlindo não quer ser um candidato do PT, ele quer ser o candidato da base. Nós queremos um candidato único", disse Marco Aurélio Garcia.

Governistas temem que se repita o cenário de 2005, quando a divisão da base aliada entre dois candidatos petistas - os deputados Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e Virgílio Guimarães (MG) - acabou levando à eleição do deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que acabou renunciando ao mandato e agravando a relação do governo Lula com o Legislativo.