Título: Senador foi peça-chave à reeleição de Renan
Autor: Lyra, Paulo de Tarso
Fonte: Valor Econômico, 29/06/2007, Política a, p. A10

Eleito para presidir o Conselho de Ética do Senado em substituição a Sibá Machado (PT-AC), o senador Leomar Quintanilha (PMDB-TO) foi peça importante na reeleição de Renan Calheiros à presidência do Senado. Quintanilha trocou o PCdoB, partido ao qual havia se filiado em 2005 por questões políticas locais, pelo PMDB em dezembro de 2006, para reforçar a campanha de Renan no Senado. Foi recompensado, ganhando a presidência da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor, Fiscalização e Controle.

Quintanilha foi eleito pelo PFL, em 2002, para o segundo mandato de senador. Tem atuação discreta e relação cordial com os colegas. Antes do PFL, passou pela Arena, PDS e PP. Depois, mudou para o PMDB, de onde saiu em 2005, por discordâncias com os políticos da legenda em seu Estado. Foi levado para o PCdoB pelo irmão de Renan, o deputado Renildo Calheiros (PE), líder do partido na Câmara.

Proprietário de uma fazenda de 1,6 mil hectares a cerca de 300 km de Palmas, Quintanilha tinha pouca afinidade com o partido. Não leu Karl Marx ou outros ideólogos dos comunistas. Dizia gostar do símbolo da foice e do martelo por significarem a união dos trabalhadores do campo e das cidades. Isso lembrava o pai, que veio do campo, e a mãe, professora primária.

Quando se filiou ao PCdoB, Quintanilha disse que defendia as bandeiras da sigla, como "reforma agrária, distribuição de renda, valorização do ser humano, a defesa dos mais pobres, a luta contra as distorções sociais, a redução dos juros e a melhor formação do indivíduo". Em dezembro de 2006, foi chamado de volta ao partido de Renan para reforçar sua campanha à reeleição. Com ele, o PMDB consolidou a posição de maior bancada (21 senadores), que, pela regra da proporcionalidade, lhe garantia o cargo de presidente da Casa.

Nascido em uma família humilde de Goiânia, Quintanilha começou a trabalhar cedo. Foi balconista, vendedor de frutas e funcionário da Universidade Federal de Goiás. Passou em concurso para o Banco do Brasil e em 1965 foi transferido para Araguaína, no Norte do Tocantins. Foi na região que o PCdoB, de 1972 a 1975, montou a Guerrilha do Araguaia. Quintanilha disse não ter tido, na ocasião, informação do movimento. Em 1976, tornou-se presidente da Arena em Araguaína.