Título: Roriz já inicia processo mais isolado
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Fonte: Valor Econômico, 27/06/2007, Política, p. A7

O Democratas decidiu ontem, em reunião de sua Comissão Executiva Nacional, defender "célere e justa" investigação das denúncias contra o senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), de envolvimento com esquema de desvio de recursos do Banco de Brasília (BRB). O P-SOL vai protocolar amanhã representação pedindo abertura de processo disciplinar contra Roriz, por suposta quebra de decoro parlamentar por "percepção de vantagens indevidas" no exercício do mandato parlamentar. No mesmo dia, à tarde, o partido realizará ato em frente ao Congresso Nacional contra a corrupção.

Uma preocupação do P-SOL é evitar que a investigação contra Roriz abafe o processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tem enfrentado obstáculos políticos para avançar. A representação contra Renan também foi protocolada pelo PSOL. O PSDB, cuja bancada do Senado reúne-se hoje para discutir o caso Renan, pode também tomar uma posição a respeito do pedido de investigação contra Roriz.

"Não é justo que o conselho avance na investigação contra Roriz sem dar andamento no processo de Renan", afirmou o presidente do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE). Entre os senadores, a avaliação é que a situação de Roriz é bem mais complicada, porque ele não conta com o apoio da base governista, como Renan, e não tem bom trânsito em todos os partidos.

Conversas telefônicas gravadas pela Polícia Civil do DF durante as investigações da Operação Aquarela - que apura desvio de cerca de R$ 50 milhões do BRB - flagraram diálogo de Roriz com Tarcísio Franklin, ex-presidente do BRB, considerado comprometedor pela polícia.

Na conversa, mantida em 13 de março de 2007, o ex-governador do DF e Franklin combinam a repartição de R$ 2,2 milhões. Segundo a versão de Roriz, ele recebeu um cheque de R$ 2,2 milhões do empresário Nenê Constantino, presidente do Conselho de Administração da Gol. Desse valor, Constantino emprestaria R$ 300 mil a Roriz. A história é complicada, porque o cheque é do Banco do Brasil e foi descontado no BRB.

Na versão de Roriz, divulgada em nota, não fica claro o destino do restante do dinheiro. O valor emprestado seria usado para pagar uma bezerra. O senador tem dito que dispõe de todos os documentos que comprovariam esses fatos.

As denúncias contra Roriz foram incluídas em nota divulgada ontem pelo DEM, cujo objetivo era defender o afastamento de Renan da presidência do Senado. O caso Roriz foi incluído por pressão dos deputados do partido. Na nota, o partido considera "as acusações contra o senador Joaquim Roriz igualmente graves e estão a merecer célere e justa apuração".

O PMDB do Senado, já passando pelo constrangimento do processo contra Renan, tem evitado tratar do assunto Roriz. O líder, Valdir Raupp (RO), considerou a nota "suficiente" para justificar o diálogo. Segundo ele, "como se trata de transição privada, cabe à Justiça investigar e não ao conselho de ética". (RU)