Título: Popularidade de Lula volta ao patamar pré-mensalão
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 27/06/2007, Política, p. A9

Apesar da crise aérea, dos escândalos de corrupção e do indiciamento de Vavá, irmão do presidente Lula, a economia assegurou a aprovação do governo na pesquisa CNT/Sensus. Os números apresentados ontem mostram que o governo Lula é considerado positivo por 47,5% dos entrevistados e o desempenho de Lula é aprovado por 64% dos brasileiros procurados pelo instituto. Em relação à pesquisa anterior, divulgada em maio, houve queda de dois pontos percentuais na avaliação positiva do governo, um resultado dentro da margem de erro.

Esse é o segundo melhor resultado de Lula e seu governo desde o estouro do escândalo do mensalão, em meados de 2005. Em novembro daquele ano, quando a avaliação positiva chegou ao seu nível mais baixo, o governo era aprovado por apenas 31,1% dos pesquisados pela CNT/Sensus, ante 29% que desaprovavam. Hoje, o percentual é de 47,5% ante 14%.

A estabilidade econômica foi preponderante para manter em alta a avaliação do governo. Para 47,5% dos pesquisados - coincidentemente o mesmo número de entrevistados que aprovam o governo -, a economia está sendo conduzida de maneira adequada. Em agosto de 2004, esse percentual era de apenas 36%. O futuro também provoca otimismo entre os entrevistados: para 46,5% dos entrevistados, o volume de empregos vai melhorar nos próximos seis meses, enquanto 44% apostam que a renda vai aumentar.

Lula continua com a habilidade de passar ao largo das crises que envolvem seu governo, direta ou indiretamente. Quase 80% dos entrevistados têm acompanhado ou ouviu falar sobre a crise aérea. Para 58,8% dos brasileiros, o governo tem condições de resolver a crise que se arrasta desde outubro do ano passado e, mesmo assim, segue sem solução. As opiniões se dividem quanto à uma das soluções ventiladas para amenizar a crise: a desmilitarização do controle de tráfego aéreo. Para 43,8%, o tráfego aéreo deve ser comandado por civis. Outros 42,2% acham que o trabalho pode continuar sendo exercido por militares.

Outro assunto delicado para o governo abordado pela pesquisa foi o indiciamento pela Polícia Federal de Genival da Silva, o Vavá, por tráfico de influência junto a integrantes da máfia dos caça-níqueis. Segundo a pesquisa, 74,1% dos entrevistados ouviu falar ou acompanhou o caso Vavá. Para 52,4% dos entrevistados, o caso foi negativo para o presidente Lula e para o governo.

Mesmo Lula afirmando acreditar na inocência de seu irmão, "mais ingênuo do que tudo", nas palavras do próprio presidente, a pesquisa mostrou que 55,7% dos entrevistados acreditaram nas denúncias contra Vavá. Para 38,7%, o presidente tinha conhecimento prévio do tráfico de influência de Vavá junto ao governo, 57% consideraram o indiciamento adequado, mas 49,7% classificaram como político o vazamento dos grampos telefônicos atingindo o irmão do presidente.

A pesquisa CNT/Sensus também trouxe uma boa notícia para o PT. Se a lista fechada fosse aprovada, o partido mais lembrado na hora da eleição seria o PT, com 10% dos pesquisados. Bem atrás surge o PMDB, com 4,7%, o PSDB com 3,6% e o PDT, com 1,5%.