Título: Petrobras e Mitsui aceleram parceria na área de etanol
Autor: Santos, Chico
Fonte: Valor Econômico, 27/06/2007, Agronegócios, p. B13

Petrobras e a japonesa Mitsui deverão fechar nos próximos três meses com empresas privadas brasileiras os contratos para as cinco primeiras usinas de etanol voltadas exclusivamente para a exportação do produto para o Japão. O diretor de abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, disse ao Valor que essas unidades serão pilotos do projeto que prevê exportações anuais de 1,8 bilhão de litros de etanol ao Japão. Ao todo, estão sendo examinados cerca de 40 projetos no âmbito do memorando de entendimento assinado em 2006 entre Petrobras e Mitsui.

De acordo com o executivo, a Petrobras e a Mitsui terão participação máxima de 30% nas empresas produtoras. O restante será dos sócios privados. Costa disse que ainda não é possível informar quais serão os parceiros nessas primeiras cinco usinas a serem contratadas. Ele disse também que os contratos de fornecimento terão prazos mínimos de 15 anos e acrescentou que a política de preços está em fase de ajustes. Nesse campo, a idéia é estabelecer regras que evitem oscilações drásticas, com picos prejudiciais aos compradores e vales que ameacem o equilíbrio econômico-financeiro dos produtores.

Os japoneses querem o álcool brasileiro para adicioná-lo à gasolina do seu país, tornando-a ambientalmente mais limpa, e também para uso na geração de energia elétrica, substituindo parte do gás natural hoje usado. Em dezembro de 2005 foi criada a empresa Brasil-Japan Ethanol, uma parceria da Petrobras com a Nippin Alcahol Humbai. Essa empresa será a responsável pela comercialização do etanol importado do Brasil

Além de produzir etanol, as usinas deverão gerar energia elétrica em regime de co-geração, utilizando o bagaço da cana. Não haverá produção de açúcar nessas empresas, eliminando a dicotomia das usinas tradicionais que acabam deixando os consumidores de álcool em perigo quando o mercado açucareiro está mais atraente.

Ontem, durante seminário realizado na sede da Petrobras sobre o futuro da agroindústria sucroalcooleira do norte do Estado do Rio de Janeiro, Costa abriu para os produtores da região a possibilidade de examinar projetos que eles apresentem no âmbito do acordo com a Mitsui. "Dos 40 projetos em exame, nenhum é do Estado do Rio de Janeiro. Fica o desafio", disse.

A possibilidade de entrada desses novos projetos foi condicionada à capacidade dos produtores de açúcar e álcool fluminenses para apresentar propostas tecnologicamente avançadas, com lavouras canavieiras de alta produtividade. Esse é justamente o mal de que padece há vários anos o setor sucroalcooleiro do Estado. O Rio de Janeiro já foi um dos principais pólos açucareiros do país, mas o setor não se modernizou e há anos sofre com a problemas como a baixa produtividade e relações de trabalho atrasadas.