Título: Odebrecht forma novo consórcio para o Madeira
Autor: Góes, Francisco
Fonte: Valor Econômico, 26/06/2007, Brasil, p. A6

A Odebrecht já está discutindo uma nova composição acionária para o consórcio com que pretende disputar a licitação das usinas hidrelétricas do rio Madeira. A composição pode incluir grupos estrangeiros e, de forma paralela, os bancos Santander e Banif estão estruturando um fundo que poderá entrar como investidor no projeto, informou ontem Henrique Valladares, diretor da Construtora Norberto Odebrecht (CNO). Antes, a expectativa era que a construtora fosse participar associada à Furnas, mas o governo federal vetou a participação de empresas estatais no leilão.

Wagner Bittencourt, diretor das áreas de insumos básicos e infra-estrutura do BNDES, afirmou que, de acordo com as novas políticas operacionais, o banco poderá financiar até 85% do projeto. Em 2003-2004, a participação máxima do BNDES no financiamento à geração hídrica era de 70%. O BNDES também poderá entrar como sócio das usinas do Madeira associando-se ao vencedor do leilão, segundo regras em discussão pelo governo. As usinas planejadas são Santo Antônio e Jirau, em Rondônia, com capacidade instalada de 3.150 megawatts (MW) e 3.300 MW, respectivamente.

Bittencourt disse que o BNDES conhece bem as usinas do Madeira pois vem trabalhando no projeto junto com o Ministério de Minas e Energia. "Uma vez realizado o leilão, o que pode ocorrer no segundo semestre, o banco poderá participar com financiamento ou via participação acionária", disse Bittencourt. Ele e o diretor da Odebrecht participaram ontem do seminário "O desafio da energia", promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) com apoio do Valor.

Valladares, da Odebrecht, disse que a parceria Furnas-Odebrecht investiu R$ 150 milhões nos estudos de viabilidade do projeto do Madeira, dos quais R$ 100 milhões já foram auditados e reconhecidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Valladares disse que os estudos ambientais foram entregues ao Ibama em março de 2005. Em setembro daquele ano, Furnas e Odebrecht responderam aos primeiros pedidos de esclarecimentos feitos pelo Ibama.

Outras informações adicionais têm sido solicitadas desde então e respondidas, disse o executivo. Perguntado sobre a expectativa dele sobre o projeto, Valladares respondeu: "A informação é que o projeto caminha para aprovação e, esperamos, no menor prazo possível." Ele afirmou que, segundo dados do estudo de viabilidade, feito entre 2002 e 2004, o investimento em cada usina seria de cerca de R$ 10 bilhões.