Título: CMN define hoje meta de 4,5% para inflação em 2009
Autor: Safatle, Claudia
Fonte: Valor Econômico, 26/06/2007, Brasil, p. A7

O Conselho Monetário Nacional (CMN), em reunião hoje, fixará a meta de inflação para 2009 e definirá a nova Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) para o trimestre, atualmente em 6,5% ao ano.

Até o final do dia de ontem, não havia qualquer mudança na intenção do governo, antecipada pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva ao Valor, de estabelecer a meta de 4,5% também para a inflação de 2009, mantendo, assim, o mesmo objetivo por cinco anos consecutivos.

A reunião, anteriormente marcada para o dia 27, foi antecipada para hoje porque o governo decidiu anunciar o plano de safra da agricultura familiar (Pronaf) na quarta feira e o plano empresarial na quinta feira. As regras de financiamento agrícola, porém, têm que ser aprovadas previamente pelo CMN.

O motivo principal da manutenção da meta de inflação em 4,5% para 2009 é para imprimir maior velocidade na redução da taxa básica de juros, a Selic. A visão, no Ministério da Fazenda, é que o aquecimento da economia vai prosseguir e nada garante que as expectativas inflacionárias permanecerão abaixo da meta como ocorre hoje. Algum choque de oferta, por essa razão, poderia implicar maior pressão sobre os preços e, consequentemente, sobre a taxa de juros. E é isso que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, pretende evitar.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, nessa discussão, evitou tornar pública sua opinião, mas é natural que o BC seja mais conservador não só na execução da política monetária, mas também na definição dos nos seus objetivos. No final da tarde de ontem, ainda se cogitava a hipótese de uma solução salomônica entre manter a meta em 4,5% ou reduzi-la para 4,25%, ao invés dos 4% defendidos pelos mais ortodoxos. Em nome de uma taxa de juros menor, o governo, porém, prefere protelar a convergência da meta para uma taxa "neutra", considerada aquela inflação que não afeta as decisões econômicas.

O que os economistas que defendem uma meta menor, de 4%, argumentam, contudo, é que não haveria mais custo adicional em termos de taxa de juros para baixar a inflação. Manter a meta em 4,5% enquanto a inflação efetiva está quase um ponto percentual abaixo disso, significa dar espaço para as expectativas inflacionárias aumentarem.