Título: Roriz nega irregularidades e condena vazamento
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Fonte: Valor Econômico, 26/06/2007, Política, p. A8

O senador Joaquim Roriz (PMDB-DF), acusado de envolvimento em esquema de desvio de dinheiro do Banco de Brasília (BRB), divulgou nota tentando esclarecer o diálogo - gravado pela Polícia Civil do Distrito Federal - que o comprometeu, com Tarcísio Franklin, ex-presidente do banco. Na nota, Roriz não explica todos os fatos e ameaça adotar "enérgicas medidas judiciais cabíveis para apuração da responsabilidade civil e criminal" do vazamento das conversas telefônicas.

Roriz deve ser o segundo senador a ser investigado pelo Conselho de Ética do Senado. O outro é o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL). O P-SOL se reúne hoje com advogados do partido, em Brasília, para definir os termos da representação que deverá propor amanhã ao conselho, pedindo investigação contra o ex-governador.

"Gostaríamos que outros partidos estivessem empenhados nessa representação, em função das denúncias robustas contra Roriz", disse o deputado Chico Alencar (P-SOL-RJ). Segundo ele, uma das preocupações é que um processo contra Roriz não "abafe" o caso Renan. O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), chega hoje de viagem ao Uruguai. Deverá investigar a denúncia.

As gravações telefônicas que comprometem o ex-governador foram feitas pela polícia durante a Operação Aquarela, que apura desvio de cerca de R$ 50 milhões do BRB. No diálogo gravado em 13 de março de 2007, com autorização judicial, Roriz e Tarcísio Franklin - um dos 19 presos na operação - supostamente combinam o transporte e a divisão de R$ 2,2 milhões. Os dois acertam uma ida à casa do presidente do Conselho de Administração da Gol, Nenê Constantino.

A polícia suspeita que a partilha do dinheiro seria feita lá. Com a divulgação da denúncia, a assessoria do senador divulgou a versão de que Roriz precisava de R$ 300 mil para pagar parte do valor de uma bezerra. Constantino ofereceu empréstimo. O valor seria tirado de um cheque de R$ 2,2 milhões, entregue para Roriz descontar. O cheque era do Banco do Brasil, mas foi descontado no BRB. Segundo a versão da assessoria, Roriz pegou os R$ 300 mil e devolveu o restante para Constantino.

Na nota, Roriz "rechaça com veemência as tentativas criminosas de confundir uma negociação normal, sem recursos públicos, entre pessoas físicas e jurídicas privadas, com investigações em curso na Polícia Civil e no Ministério Público do DF". Também "condena" o vazamento de escuta telefônica "criminosamente" encaminhadas à mídia.

Deu as seguintes explicações: contraiu empréstimo pessoal de R$ 300 mil em 12 de março de 2007 com Constantino, para fazer um pagamento inadiável em 14 de março. Desse valor, R$ 271,32 mil foram destinados ao pagamento à Associação de Ensino de Marília, pela aquisição de um animal. O restante foi usado para "socorrer" seu amigo Benjamin Roriz, com problemas de saúde na família.

"O detalhamento de seu diálogo com o ex-presidente do BRB deu-se ante a necessidade de resgatar, em espécie, a pedido do beneficiário do cheque número 850023-1, no valor de R$ 2.231.156,60, emitido pela Agrícola Xingu, para viabilizar o empréstimo pleiteado no prazo, de forma a garantir um desconto de R$ 260,68 mil, oferecido pelo vendedor da bezerra, condicionado ao pagamento até o dia 14/03/2007", diz a nota. O senador não explica por que um cheque do BB foi descontado no BRB. (RU)