Título: Para Aécio, PT "aparelhou o Estado"
Autor: Lima, Marli
Fonte: Valor Econômico, 26/06/2007, Política, p. A11

O governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), disse ontem que a principal herança que o PT deixará para o país será o "aparelhamento indiscriminado da máquina pública". O tucano esteve na capital paranaense para participar da entrega do prêmio Personalidade Aecic 2007, da Associação das Empresas da Cidade Industrial de Curitiba, ao prefeito Beto Richa, seu colega de partido. Cercado de políticos e empresários, ele visitou obras, criticou o governo do presidente Lula e negou que esteja em campanha.

Logo que chegou Aécio fez elogios a Richa, com quem diz ter "amizade profunda" e "grande identidade política". Questionado sobre se passaria a visitar o país para prestigiar outros tucanos, ele respondeu que também já foi ao Nordeste e que busca conhecer experiências de administração. "Gestão pública pode ser eficiente, pode trazer resultados, desde que se faça diferente daquilo que estamos assistindo no plano federal", disse. "Desde que se administre com pessoas qualificadas, no lugar certo, sem o alargamento injustificável da estrutura do poder público."

O governador mineiro afirmou que, no momento, tem como prioridade fazer com que os 77% de mineiros que garantiram seu segundo mandato tenham orgulho do que fizeram. Aécio disse não acreditar em candidatura presidencial que é fruto da vontade pessoal de alguém ou de um grupo pequeno. "Candidatura presidencial, pra ter sucesso, precisa ter uma grande dose de naturalidade".

Segundo o tucano, mais do que buscar um nome, o PSDB precisa construir um projeto, uma aliança política. "O que falta ao Brasil hoje é um projeto de país. Assistimos duas eleições sucessivas que tinham projeto de poder e não de governo, de transformações. Onde é que estão as reformas?" perguntou.

Aécio disse que o ambiente internacional é favorável, que o presidente tem popularidade, base de sustentação ampla, mas está perdendo a oportunidade de fazer as reformas que são fundamentais para o crescimento sustentável. "O presidente Lula tem uma grande vantagem em relação ao presidente Fernando Henrique, porque ele nos tem na oposição, não o PT", brincou.

O governador falou também sobre ética, mas evitou emitir opiniões sobre as acusações que pesam sobre o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). "Tenho muita cautela em fazer prejulgamento, porque não gosto que façam em relação a mim", comentou. "É preciso que haja absoluta liberdade para que as investigações se aprofundem, sem açodamento, sem determinação de prazos, para que todos possam formar um juízo de valor com serenidade, seja pra condenar, seja pra absolver". Aécio disse que o PSDB tem ajudado a garantir o tempo necessário para a apuração dos fatos.