Título: BB Seguro Saúde traça plano para dobrar de tamanho
Autor: Silva Júnior, Altamiro
Fonte: Valor Econômico, 26/06/2007, Finanças, p. C1

A BB Seguro Saúde, seguradora criada pelo Banco do Brasil em parceria com a SulAmérica, traçou um plano estratégico para dobrar de tamanho até 2010. Uma das primeiras medidas será a venda de apólices por corretores especializados e não mais apenas nas agências do banco, informou ao Valor o presidente da BB, Edson Monteiro. O novo modelo está em testes com 13 corretores, do Rio e São Paulo. Agora, o projeto vai se expandir para Curitiba e Brasília.

Além da venda via corretores independentes, a seguradora resolveu revisar a carteira de produtos e planeja atuar em nichos específicos, como associações, cooperativas e sindicatos e apostar no seguro odontológico. Em julho, coloca no mercado apólices com nova configuração e identidade visual, chamando atenção para o nome "BB Seguro Saúde", com a intenção de reforçar a marca. A companhia também criou produtos para pequenas e médias empresas.

A BB Saúde tem atualmente 80 mil vidas. Para o ano que vem, a meta é superar 100 mil. Até 2010, a companhia quer chegar a 170 mil vidas. "Não é possível que uma seguradora que tenha duas empresas do porte do BB e da SulAmérica como sócios tenha apenas 2% do mercado", diz Monteiro. Segundo ranking do Valor Financeiro, ela é a décima maior do setor, com prêmios de R$ 130 milhões. O ranking é liderado pelo Bradesco, com prêmios totais de R$ 3,5 bilhões.

A BB Seguro Saúde é considerada o patinho feio das cinco companhias criadas pelo maior banco do país para atuar no setor. Além dela, há a Aliança do Brasil (ramos elementares e seguros de pessoas), Brasilcap (títulos de capitalização), a Brasilprev (previdência) e a Brasilveículos (seguros de autos).

"Das cinco companhias a única que não deu certo foi a de saúde", reconhece Monteiro. A justificativa é que a seguradora foi criada em 1995 e, desde então, o mercado de seguro saúde mudou consideravelmente. "O modelo que foi desenhado pelo banco em 95 não foi repensado, apesar das mudanças", afirma.

As companhias de seguro saúde passaram a ser reguladas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e as pessoas físicas, que davam prejuízos constantes, foram deixadas de lado pelas seguradoras. A Porto Seguro, por exemplo, vendeu sua carteira de saúde individual em novembro. Além disso, algumas seguradoras, como a AGF, passaram a trabalhar com os clientes a prevenção de doenças, para reduzir os sinistros.

Com isso, o mercado conseguiu equacionar os problemas e o seguro saúde voltou a ser rentável em 2006. Segundo levantamento do consultor Luiz Roberto Castiglione, o lucro líquido das seguradoras que atuam no segmento chegou a R$ 578 milhões em 2006, bem acima dos R$ 21 milhões do ano anterior. O retorno médio sobre o patrimônio líquido foi de 11,6%, frente a só 0,6% em 2005.

Com a melhora do mercado, Monteiro resolveu que era hora de mudar a seguradora. O executivo atuava antes na área de varejo do Banco do Brasil e chegou à presidência da BB Saúde em julho de 2006. "Resolvemos mudar primeiro a maneira de colocar o produto no mercado", diz. Para isso, teve que reformular sua estrutura operacional e tecnológica.

Os corretores escolhidos ganham uma lista de clientes do BB para prospectar. O banco sempre foi criticado no segmento por não privilegiar os corretores na venda. "Seguro saúde não é para ser vendido em agência de banco", afirma Monteiro.

Os planos individuais não estão nos planos da BB. Primeiro, diz Monteiro, a companhia quer se firmar nos corporativos e "se consolidar como a mais moderna e competitiva do setor". A rede de hospitais e médicos credenciados é a mesma da SulAmérica.