Título: Sinart amplia atuação em aeroportos
Autor: Cruz, Patrick
Fonte: Valor Econômico, 11/07/2007, Empresas, p. B3

Em meio à crise do setor aéreo, o aeroporto de Porto Seguro, no litoral sul baiano, a 723 quilômetros de Salvador, é um contraste. Ele mantém a rota ascendente iniciada há sete anos, quando passou a ser administrado pela iniciativa privada, mais que dobrou o número de passageiros nesse período e passou a receber vôos da Europa, o que não ocorria até então. É um dos raros casos no país de aeroportos sob gestão de empresa privada.

A aposta foi do grupo baiano Sociedade Nacional de Apoio Rodoviário e Turístico (Sinart), empresa que nasceu em 1974 com o objetivo único de administrar o terminal rodoviário de Salvador. A operação em Porto Seguro, afirma a companhia, é superavitária - seus números não são revelados - e levou o braço aeroportuário da Sinart a buscar outras ramificações.

Há cerca de duas semanas, a empresa venceu a licitação que concedeu a ela a administração do aeroporto de Juiz de Fora (MG). A operação deve começar em setembro e vai se somar às frentes de trabalho dos terminais de Vitória da Conquista, a terceira maior cidade da Bahia, Lençóis, porta de entrada da região turística da Chapada Diamantina, e na também baiana Teixeira de Freitas.

A jóia da coroa, no entanto, é mesmo Porto Seguro. A concessão para administrar o terminal foi obtida em 1999, mas a atuação começou apenas em março de 2000. Na época, passavam pelo local cerca de 300 mil passageiros, volume que cresceu para os quase 800 mil de atualmente. Vôos internacionais chegavam apenas de Buenos Aires e Montevidéu. Hoje, lá desembarcam também aeronaves de Paris, Amsterdã, Milão e Lisboa.

A Sinart criou a Bahia Service para que ficasse também sob sua tutela a logística em solo do terminal. A entrega de bagagens é feita em até quatro minutos, tempo até cinco vezes menor que o de outros aeroportos de grande porte do país. O trabalho que inclui limpeza interna do avião, carregamento e descarregamento é feito em tempo mínimo de 10 minutos e máximo de 14. "Depois disso, a companhia aérea se encarrega apenas de embarcar os passageiros", diz Carlos Roberto Rebouças, superintendente da divisão de aeroportos da Sinart.

Nem sempre o aeroporto de Porto Seguro voou em céu tranqüilo. No início, acumularam-se prejuízos em virtude dos investimentos que a empresa precisou fazer, como criação de área para tratamento de esgoto e lixo, troca de mobília e instalação de cerca em torno do terminal. Em 2002, o baque dos atentados terroristas nos Estados Unidos, a crise econômica argentina e a falência da Soletur, então uma das maiores operadoras de turismo do Brasil - todos episódios do ano anterior - fizeram o fluxo de passageiros cair 25%. O número de passageiros internacionais despencou 70%.

Passado o susto, a operação voltou a se equilibrar. Foi possível, por exemplo, instalar dois aparelhos detectores de metais e de raio X, a um custo de US$ 98 mil cada um. "Decidimos pela compra e, 90 dias depois, eles estavam em funcionamento. Se fosse feito pelo Estado, o processo demoraria pelo menos seis meses apenas para a fase de licitação", afirma Rebouças.

Os três aeroportos que a Sinart administra no interior da Bahia são deficitários - somados, recebem cerca de 50 mil passageiros ao ano. Ainda assim, a empresa não pretende sair deles. Além de apostar no aumento da demanda por vôos regionais, a estratégia é manter esses terminais como "vitrine" na busca por novos negócios. Em contrapartida, para Juiz de Fora, que tem movimento de cerca de 10 mil pessoas por mês, a projeção é de superávit.

O grande negócio da Sinart continua sendo o de administração de rodoviárias, com cerca de 40 terminais nas regiões Norte, Nordeste e Sudeste. O grupo tem como sócios os cinco irmãos da família Pedreira, filhos do ex-presidente da companhia, Alfeu Pedreira. Seu portfólio inclui ainda hotéis, uma agência de viagens uma empresa de administração de estacionamentos.