Título: Vale vai dobrar a produção no Norte
Autor: Durão, Vera Saavedra
Fonte: Valor Econômico, 11/07/2007, Empresas, p. B6

O Sistema Norte da Vale do Rio Doce, onde se encontram as minas de Carajás, vai mais do que dobrar sua produção nos próximos quatro anos para garantir a meta da companhia de atingir 450 milhões de toneladas de minério de ferro no período. Dos atuais 100 milhões de toneladas a serem alcançados por Carajás este ano, a produção vai saltar para 220 milhões de toneladas em 2011, como informou José Carlos Martins, diretor-executivo de ferrosos da mineradora ao Valor.

"A partir de agora, o perfil de produção da Vale deve se deslocar para o Norte. Para chegar a 450 milhões de toneladas, o grande crescimento se dará no Sistema Norte. Vamos sair de 300 milhões de toneladas de minério de ferro projetadas para 2007 para 450 milhões e o adicional virá do Sistema Norte, basicamente Carajás e Serra Sul (nova mina da Vale em fase de desenvolvimento). Hoje nós temos no Sistema Sul (MBR e Ferteco) uma produção que deve somar 90 milhões de toneladas e mais cerca de 140 milhões de toneladas do Sistema Sudeste (minas de Itabira). Os 220 milhões virão do Sistema Norte", disse Martins.

Por conta desta expansão, a Vale está ampliando sua capacidade logística no Norte. Ontem, o BNDES anunciou a aprovação de um financiamento à companhia de R$ 774,6 milhões de um investimento total de R$ 1,4 bilhão para expandir a capacidade de transporte da Estrada de Ferro Carajás (EFC) de 70 milhões de toneladas para 103 milhões de toneladas transportadas por ano, volume a ser alcançado nos próximos dois anos. O aumento da capacidade da estrada de ferro está diretamente relacionada ao crescimento da produção de minério na região de Carajás.

Segundo Antonio Tovar, gerente do Departamento de Logística do BNDES, o projeto da Vale para a EFC, inaugurada em 1985, com 892 quilômetros de extensão, prevê investimentos em sinalização das linhas, ampliação e construção de vários pátios de cruzamentos, oficinas de locomotivas e vagões, ampliação de terminais ferroviários e aquisição de novas locomotivas e vagões. "Está tudo dentro do pacote financeiro", disse Tovar, para quem este empreendimento pode significar um novo ciclo de investimentos não só em infra-estrutura e superestrutura da EFC, como, também, no Porto da Madeira, por onde é exportada a produção de minério de Carajás.

O aumento programado de produção de minério de ferro e o investimento na logística está ligado diretamente a avaliação da Vale sobre o comportamento do mercado de minério de ferro nos próximos quatro a cinco anos. "A empresa opera de acordo com o mercado. Estamos investindo para atender o mercado e não estamos conseguindo atender a demanda total. Acredito que esta situação perdure ainda por mais uns quatro a cinco anos por conta da China e dos países menos desenvolvidos que ficaram para trás e estão crescendo mais agora, como a Índia, o Sudeste Asiático, o Brasil e outros da América Latina", avaliou Martins.

Um relatório distribuído ontem, pelo analista de mineração do Banco Brascan, Rodrigo Ferraz, recomendou "outperform" para as ações da Vale, com um novo preço justo de R$ 110,93 por ação, o que indica um potencial de valorização de 42,6% sobre a cotação da ação na última sexta-feira, de R$ 77,79 por ação PN, baseado num cenário de aumento de 13% no preço do minério de ferro e 5% para pelotas em 2008. Para 2009, ele prevê estabilidade.

O analista baseou sua recomendação por conta do elevação da capacidade de produção de minério de ferro da Vale para 450 milhões de toneladas ao ano a partir de 2007, a qual se deve, especialmente, ao investimento de US$ 1,8 bilhão que a mineradora fará no projeto Carajás.