Título: Governo ainda avalia situação de Silas Rondeau
Autor: Lyra, Paulo de Tarso e Jayme, Thiago Vitale
Fonte: Valor Econômico, 09/07/2007, Política, p. A10

Permanece incerto o retorno de Silas Rondeau para o cargo de ministro das Minas e Energia. Silas deixou o governo, em maio, depois de ter sido acusado de receber propina de R$ 100 mil da construtora Gautama. O ministro da Justiça, Tarso Genro, teve acesso a um relatório da Polícia Federal (PF), encaminhado ao Ministério Público, e teria constatado que "não existem indícios para incriminar o ex-ministro", segundo fonte ouvida pela Valor. Informações publicadas pelo jornal "O Globo", no fim de semana, dão conta, no entanto, de que a polícia fez um segundo relatório "ainda mais contundente contra Silas Rondeau".

Assessores do Ministério da Justiça diziam ontem desconhecer um novo relatório da PF. Segundo essas fontes, o caso já está no MP e não complica a situação do ex-ministro. Nas conversas internas, o ministro Tarso Genro insistiu que cabe ao Ministério Público fazer juízo das informações levantadas pela PF. Com isso, Genro, embora acreditando na inocência de Silas, sugere cautela do governo nesse caso.

Assessores do Palácio do Planalto não descartam a hipótese de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reconduzir Silas para o comando do Ministério de Minas e Energia. Apesar da pressão do PMDB - o ex-ministro é afilhado do senador José Sarney (PMDB-AP) -, o presidente ainda não tomou uma decisão. A tendência é esperar pela denúncia do Ministério Público.

Assessores palacianos reforçam que Lula esperou todo esse tempo - a exoneração de Silas aconteceu há um mês e meio -, mantendo o petista Nelson Hubner como interino, sem referendar a indicação de Márcio Zimmerman, na esperança de que a inocência do ex-ministro fosse comprovada. Por isso, não custaria esperar mais um pouco até uma eventual denúncia do Ministério Público. "Se Rondeau for realmente inocente, Lula mostrará que estava certo ao criticar a pressa das instituições - leia-se PF e MP - em vazar informações sem o devido cuidado", observou um assessor do governo.

O Ministério Público pode pedir novas investigações à PF, caso considere insuficientes as diligências feitas pela PF. "Evidentemente, se a denúncia demorar muito, o 'timing' político (para recondução de Silas) será diferente", explicou um assessor. No Ministério da Justiça, essa hipótese é considerada remota.

Silas Rondeau foi exonerado das Minas e Energia no fim de maio, após a divulgação de uma fita de vídeo mostrando assessor Ivo Almeida Costa entrando num gabinete do ministério, próximo à sala do então ministro, portando um envelope onde supostamente havia R$ 100 mil em notas de cem. Ao deixar o cargo, ele jurou inocência, mas afirmou que "não tinha condições de ficar apanhando diariamente na capa dos jornais como aconteceu com (os ex-ministros) José Dirceu e Antonio Palocci".

O PMDB de Sarney pressiona o governo para nomear Silas. Na noite da quarta-feira, em um sinal de prestígio, o ex-ministro e a esposa jantaram na residência do ministro da coordenação política, Walfrido dos Mares Guia. Segundo o ministro, a intenção era prestar solidariedade ao ex-colega de Esplanada.