Título: Plano de aposentadoria do BB tem elevada adesão
Autor: Ribeiro, Alex
Fonte: Valor Econômico, 04/07/2007, Finanças, p. C3

O plano de aposentadoria antecipada do Banco do Brasil teve uma adesão quase três vezes maior do que a esperada, atingindo cerca de 7 mil funcionários. As estimativas são de que, depois de amortizados os custos do programa, deverá haver uma economia bruta anual de R$ 240 milhões na despesa com pessoal.

O bom desempenho do programa poderá levar o BB a adotar caminho semelhante dentro de alguns anos, para enxugar ainda mais a despesa administrativa. "Não está descartada a hipótese de criarmos um novo programa dentro, digamos, de cinco anos", disse o gerente da unidade de relações com investidores do BB, Marco Geovanne Tobias da Silva.

Quando comparado aos seus principais competidores - os grandes bancos privados de varejo -, o BB tem uma folha de pagamento mais pesada, com salários médios mais altos. A pressão na folha de pagamento é provocada pelos funcionários mais antigos, principalmente os contratados antes do Plano Real, que têm salários fora da realidade do mercado bancário atual.

Hoje, o BB tem 82 mil funcionários. Desses, 14 mil tinham idade superior a 50 anos e mais de 20 anos de casa. O programa fez com que, desses 14 mil funcionários, 7 mil se aposentassem. Os números se saíram bem melhor do que a encomenda: o BB previa uma adesão de, no máximo, 2,5 mil funcionários. "O banco tem como melhorar ainda mais a sua eficiência", disse Geovanne. Ele lembra que, do quadro de funcionários do banco, cerca de 10 mil tem mais de 45 anos e vão se tornar elegíveis para um programa de aposentadoria antecipada dentro dos próximos cinco anos.

Os funcionários que aderiam ao programa se aposentam imediatamente pela Previ, recebendo 90% do salário atual. Como incentivo para a aposentadoria antecipada, o BB ofereceu ainda o pagamento de três salários adicionais e assumiu a contribuição ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) até os funcionários cumprirem o período para a aposentadoria no sistema oficial. O programa vai representar uma despesa bruta de R$ 860 milhões. Mas parte dessa despesa vai ser compensada com o alívio na folha de pagamento da instituição e com a redução no pagamento de impostos. O impacto líquido no balanço será de R$ 488 milhões, concentrada nas demonstrações financeira do segundo trimestre desse ano.

A partir de 2008, o banco começa a colher os resultados do programa. Deixará de gastar cerca de R$ 240 milhões anuais brutos com o pagamento de funcionários, mesmo depois que os antigos trabalhadores forem substituídos. "A intenção do BB é repor esses funcionários, para que não haja prejuízo ao atendimento nas agências", disse Geovanne. O efeito líquido depois do pagamento de impostos será de R$ 158 milhões.

Essa engenharia financeira só foi possível porque hoje um dos principais planos da Previ, que prevê a aposentadoria com benefício definido, é superavitário. Com a aposentadoria, o BB deixa de ter a despesa com os vencimentos de 7 mil funcionários, que passam a receber benefícios da Previ. Ontem, o BB também anunciou o impacto final de acordo fechado com a Previ para suspender contribuições ao plano de benefícios definidos.

A suspensão das contribuições do BB ao plano vai gerar economia de R$ 300 milhões em 2007, sendo R$ 160 milhões no segundo semestre. As contas serão refeitas a cada 12 meses para checar se o plano continua superavitário e se a suspensão das contribuições será mantida. O BB também anunciou que chegou a entendimentos para o saneamento do plano de saúde dos funcionários, a Cassi, que prevê injeção de R$ 450 milhões na instituição, com impacto no balanço do terceiro trimestre. Falta apenas a aprovação em assembléia de associados.