Título: Retorno pode ultrapassar dez vezes o valor investido
Autor: Pavini, Angelo
Fonte: Valor Econômico, 04/07/2007, EU & Investimentos, p. D1

A expectativa de retorno dos investimentos de private equity no Brasil pode chegar a mais de dez vezes o capital investido, afirma Olimpio Matarazzo, sócio do Pátria Banco de Negócios. Ele dá o exemplo dos investimentos feitos pelo banco em Dasa e Anhanguera Educacional, que já abriram seu capital. "Pelo preço de mercado das empresas, já tivemos retorno do capital, apesar de não termos desinvestido ainda", explica. "Transformar uma empresa em uma companhia pública, com regras de governança, estrutura gerencial, é um processo de desmame que pode levar cinco a dez anos", diz.

O Pátria tem hoje participações, além da Dasa, na Casa do Pão de Queijo, Fotóptica, e as mais recentes Anhanguera Educacional, TeleFutura e Tivit, empresa de gestão de negócios. Matarazzo admite que há mais dificuldade em encontrar oportunidades para private equities, pela concorrência do mercado de capitais, que está absorvendo bem as ofertas de novatas. Mas o empresário já reconhece o papel dos private equities. "Levar o faturamento de uma empresa de R$ 150 milhões para R$ 500 milhões é o trabalho que gostamos de fazer", diz Matarazzo.

A parceria com a Blackstone, fechada em 2004, se limita ainda à troca de tecnologia nas áreas de assessoria em fusões e aquisições, afirma Matarazzo. O private equity gigante ainda não se animou a fazer nenhuma operação no Brasil. Segundo o executivo, a Blackstone está olhando hoje para China e Índia, mas deve atuar no Brasil em breve. "A dificuldade é encontrar negócios com valores que justifiquem a participação, precisa ser algo acima de US$ 1 bilhão", afirma Matarazzo.

O fundo de fundos do Unibanco representa uma tendência natural de um setor que está amadurecendo e se sofisticando, afirma Marcus Regueira, presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP). "É um nível de sofisticação extremamente benéfico", afirma ele. Outros virão, num ritmo mais rápido, uma vez que o Brasil está se mostrando um porto seguro para para investidores locais e internacionais.

Regueira estima que, no Brasil, existam cerca de US$ 5 bilhões de investimentos feitos ou em andamento em fundos de private equity, envolvendo 250 empresas. Só no ano passado, mais de US$ 1 bilhão foi contratado e, este ano, a estimativa de US$ 2 bilhões já foi superada. "Tivemos operações grandes da GP, da Gávea (do ex-BC Armínio Fraga) e tudo indica que devemos atingir de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões este ano", diz Regueira. Um valor ainda pequeno em relação aos US$ 33 bilhões que foram destinado pelos private equities internacionais para os emergentes no ano passado. A maior parte desse valor foi para China e Índia, mas o Brasil está entrando no radar, afirma Regueira. (AP)