Título: Lula esbanja otimismo, mas Amorim o contradiz sobre avanço na Rodada Doha
Autor:
Fonte: Valor Econômico, 06/07/2007, Brasil, p. A4

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva esbanjou tanto otimismo na Europa - sobre a Rodada Doha, sobre seu governo, sobre a economia brasileira - que os deslizes foram inevitáveis. Sobre a negociação global do comércio, Lula disse ter saído convencido depois de dois dias na Europa, de que o acordo está próximo. Indagado sobre se havia algum avanço na negociação, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, retrucou: "O presidente tem uma grande intuição política, talvez tenha percebido algo que nós que estamos no dia a dia não percebemos."

Quando perguntado se Silas Rondeau voltará ao Ministério das Minas e Energia, como se especulou no Brasil, disse que não sabia de nada, mas que iria descobrir "quem é o poderoso chefão" que fala de mudanças no ministério em sua ausência. Depois, anunciou que a primeira Parceria Público-Privada (PPP) será para o trem-bala entre Rio e São Paulo. A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, o corrigiu mais tarde: a primeira PPP será de uma rodovia.

Indagado sobre estudos que prevêem aumento dos preços de alimentos devido a produção de etanol, Lula respondeu perguntando se estudaram também a alta de preços dos alimentos quando o barril de petróleo pulou de US$ 28 para US$ 70.

Mais tarde, diante de empresários europeus, o presidente disse ter aprendido uma lição importante: falar de miséria não atrai investimentos. E soltou cifras diferentes das do dia anterior: as reservas internacionais, de US$ 146 bilhões na quarta-feira, foram arredondadas para US$ 150 bilhões, o total das exportações brasileiras para a Europa, que eram de 25% no dia anterior, agora eram de 22%.

O que não variou foi seu veredito sobre seu governo. Considera que é o melhor da história da República, comentando que procuraram compará-lo com "um presidente de 1902, quando o Brasil só vendia café e mandava lavar roupa em Paris". E, na frente de empresários italianos, adentrou pelos séculos até fazer uma pausa em 1875, quando "os italianos chegaram e, pior, ficaram todos", provocando gargalhadas no público. (AM)