Título: Consultorias expandem-se com demanda aquecida
Autor: Adachi, Vanessa e Balarin, Raquel
Fonte: Valor Econômico, 06/07/2007, Empresas, p. B3

A corrida em direção à bolsa, o aumento das fusões e aquisições e o crescente interesse de investidores estrangeiros por negócios brasileiros não podiam ser melhores notícias para as firmas de consultoria. Afinal, elas estão nos bastidores de cada um desses movimentos.

Grandes, médias ou pequenas, as consultorias viram a demanda por seus serviços se multiplicar. "Efetivamente, há um aquecimento e seria incomum se ele não existisse diante do desenvolvimento econômico", diz Arthur Ramos, vice-presidente e sócio da Booz Allen Hamilton no Brasil. "Acredita-se que as consultorias têm mais serviço quando as coisas vão mal, mas no nosso negócio a estabilidade é muito importante", diz. É num cenário menos turbulento que as empresas se dispõem a investir e colocam projetos em prática.

E, segundo os consultores, esses projetos têm se concentrado em dois grandes grupos, no caso das empresas de grande porte: aquisições, dentro e fora do país, e preparação para abertura de capital. Com relação às empresas de médio porte, é forte a busca por serviços de reestruturação.

"No setor privado, o fato impulsionador das consultorias é a onda de ofertas na bolsa, que obrigaram as empresas a rever suas práticas e processos", diz Cesar Cunha Campos, diretor executivo da FGV Projetos, braço de consultoria da Fundação Getúlio Vargas. Este ano, a FGV Projetos deverá elevar sua receita em 20%, para R$ 120 milhões.

"A demanda se aqueceu nos últimos seis meses", diz Stefano Bridelli, sócio da Bain & Company, uma das maiores consultorias de estratégia ao lado da Booz Allen. A ida à bolsa é um dos motivos, mas ele cita também o fato de que as empresas brasileiras têm perspectivas de crescer com novos produtos e em novos mercados e procuram as consultorias para definir suas estratégias de expansão. Ganham destaque o segmento de bens de consumo, estimulado pelo aumento da renda da população, e o setor de serviços financeiros, que vê a possibilidade de elevar a penetração da oferta de crédito. A Bain não divulga sua receita, mas afirma que ela crescerá na casa dos 20%.

Ao mesmo tempo em que as companhias nacionais se movimentam, as estrangeiras reforçam o interesse pelo Brasil. "Quem já opera aqui está na fase de se fortalecer e quem não tem presença está pensando que chegou a hora de ter", diz Bridelli. A perspectiva de o país atingir o grau de investimento também tem atraído fundos de participação internacional, que contratam as consultorias para prospectar bons negócios.

"A obtenção do grau de investimento deve gerar não só fusões e aquisições, mas muitas transformações de negócios", afirma Rodolfo Macarrein, diretor da consultoria Oliver Wyman no Brasil. "Esse é um grande atrativo para as consultorias." A multinacional chegou no Brasil há dois meses, em substituição à Mercer Consulting. As duas empresas fazem parte do mesmo grupo, mas a Oliver Wyman atua em um maior número de setores.