Título: Efacec vai investir R$ 50 milhões nos próximos cinco anos no país
Autor: Capela, Maurício
Fonte: Valor Econômico, 06/07/2007, Empresas, p. B8

Poucos no Brasil já ouviram falar da Efacec. Mesmo atuando por aqui há uma década, a multinacional portuguesa do setor de energia sempre preferiu a discrição à exposição. Só que agora a história é diferente. Disposta a quadruplicar a receita da filial brasileira em cinco anos, a companhia revela sua intenção em investir R$ 50 milhões no país. E os recursos poderão ser usados tanto para a aquisição de outras empresas instaladas no Brasil, como para a ampliação de suas atividades por aqui.

"Nessa década, investimos quase R$ 20 milhões no Brasil e o nosso faturamento aqui atingiu R$ 30 milhões por ano", diz Fernando Lourenço, diretor-superintendente da Efacec no país, ao Valor. Com receita mundial de ? 450 milhões, a empresa apóia suas vendas na área de transformadores de energia (50%), em equipamentos elétricos para ferrovias e estações de metrô (25%), além do segmento de prestação de serviço e engenharia (25%).

Mas como tem uma meta clara de alcançar uma receita de R$ 120 milhões por ano em meia década no Brasil, o executivo sabe que é preciso pisar no acelerador. Sendo assim, recentemente, a Efacec desembolsou R$ 7,5 milhões para adquirir a Energy Service, companhia especializada em reparação e manutenção de motores e geradores. Instalada em Recife (PE), a Energy presta serviços no Nordeste do país e a intenção com a compra é ampliar sua base de clientes também em direção à região Norte. O investimento para a concretização do negócio fez parte dos R$ 20 milhões aplicados nos últimos dez anos.

Fernando Lourenço explica que a compra da companhia pernambucana está em linha com os próximos passos da Efacec. Isso, porque a multinacional está disposta a transformar o Brasil em um pólo de engenharia para suas atividades na América Latina. Além do país, a empresa também já fincou um pé na Argentina e outro no Chile.

"Há um mês, recebemos o resultado de um estudo encomendado por nós a uma consultoria, mostrando que a Efacec tem grande potencial de desenvolvimento em seis países. E três deles são Brasil, Argentina e Chile", afirma Lourenço.

Com fábrica em São Paulo (SP), capaz de fornecer automação de sistemas de energia elétrica, por exemplo, além de um escritório em Salvador (BA), o executivo acredita que há uma grande chance de integração entre o Brasil e a operação na Argentina. E esse caminho, admite o executivo, deve ser seguido pela Efacec.

Atualmente, a multinacional possui seis fábricas fora de Portugal e três complexos industriais no país de origem. Em outras palavras tem unidades na China, Malásia, Angola, Moçambique, Argentina e Brasil. No Chile, a companhia mantém um escritório comercial.

Ter um pé fora de Portugal, inclusive, é estratégico para companhia. Tanto que dos 450 milhões de euros vendidos no último ano, 50% é gerado em território português e o restante decorre das atividades no exterior. Segundo o diretor-superintendente da Efacec no Brasil, dessa metade fora do país da matriz, 30% decorre de negócios nos Estados Unidos. "É o nosso principal mercado fora de Portugal", conta.

Fora do mercado de capitais, a Efacec planeja voltar à bolsa portuguesa. E os controladores atuais, o grupo Mello (50%) e a família Gonçalves (50%), devem retornar ao pregão em 2010.