Título: Compra externa de bens de consumo sobe 34% até junho
Autor: Neumann, Denise
Fonte: Valor Econômico, 03/07/2007, Brasil, p. A6

As importações brasileiras de bens de consumo cresceram 34,3% em relação ao primeiro semestre do ano passado, atingindo US$ 7 bilhões de janeiro a junho deste ano. Só em automóveis, o país comprou no exterior US$ 1,09 bilhão, 53,7% a mais do que em igual perído de 2006. O aumento, em ambos os casos, é bem superior ao registrado pelas importações de um modo geral, que cresceram, em média, 26,6%, somando US$ 52,55 bilhões.

Os números foram divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) e refletem o barateamento do dólar. O maior interesse por produtos prontos, porém, não foi suficiente para provocar alteração significativa na composição da pauta de importações do país, onde as compras relacionadas ao processo produtivo (bens de capital, matérias-primas e bens intermediários) continuam a representar mais de 70%. As aquisições de bens de capital, especificamente, registraram crescimento de 24,3% na comparação com os primeiros seis meses de 2006, atingindo US$ 11,07 bilhões em 2007.

As de matérias-primas e bens intermediários, por sua vez, alcançaram US$ 26,4 bilhões, crescendo 29,4%. Em ritmo mais modesto, 15,8%, também aumentaram as importações de combustíveis e lubrificantes.

As exportações cresceram, 19,9%, atingindo US$ 73,21 bilhões no acumulado do semestre, anunciou o Mdic. E embora esse crescimento tenha sido inferior ao das importações, o superávit da balança comercial também registrou variação positiva, de 5,7%, atingindo US$ 20,66 bilhões, um recorde para períodos de janeiro a junho. A tendência de superação do saldo de 2006, porém, não necessariamente permanecerá até o fim de 2007, pois já há sinais de reversão. Devido à maior expansão das importações, em junho, o resultado mensal da balança (US$ 3,816 bilhões) já foi inferior ao de igual mês de 2006 (US$ 4,097 bilhões). A média diária de exportações no mês (US$ 656 milhões) foi recorde. Mas a de importações (US$ 465,2 milhões) também foi.

O secretário de Comércio Exterior do Mdic, Armando Meziat, lembrou que o segundo semestre de 2006 foi muito bom em termos de exportações e saldo comercial, o que elevou a base de comparação. Então, dificilmente haverá, no segundo semestre de 2007, crescimento em relação a 2006.

Meziat chamou atenção para um dado que tranqüiliza o ministério quanto à sustentabilidade das exportações: em 2007, o aumento das quantidades exportadas voltou a ser maior do que o aumento de preços. O secretário informou que, de janeiro a maio, enquanto o índice referente à quantidade aumentou 10,4%, o índice relativo aos preços subiu 9,4%. No acumulado de 2006, "ponto fora da curva", disse Meziat, houve o inverso. Enquanto o efeito preço representou aumento de 12,5%, o incremento de quantidade foi de apenas 3,2%. Meziat não tem ainda o mesmo dado para o período janeiro-junho de 2007. Mas assegura que os números confirmarão a tendência vista nos primeiros cinco meses do ano.

Havia uma preocupação sobre o que ocorreria com as exportações brasileiras na hipótese de os preços internacionais caírem. Com a expansão das quantidades, essa preocupação se reduz, pois o país fica menos vulnerável a oscilações de preço. Outro aspecto positivo revelado pelas estatísticas do primeiro semestre, na avaliação do secretário, é o fato de que o incremento de exportações foi generalizado. "Todas as categorias de produto registraram valores recordes para o período." As vendas externas de produtos básicos foram as que mais cresceram (31,3%), atingindo US$ 22,38 bilhões. Com isso, o peso deles na pauta de exportações brasileiras subiu de 27,9% para 30,6%, na comparação com o primeiro semestre de 2006.

Nessa categoria, cresceram sobretudo as exportações de carne de frango (43,7%) farelo de soja (39,8%) petróleo em bruto, (37,6%), carne bovina (33,5%), entre outros.

As vendas de produtos industrializados também subiram, 16%, somando US$ 49,359 bilhões no semestre. Entre as exportações de industrializados, cresceram mais as de semimanufaturados (22%) do que as de manufaturados (14,5%). Chamaram atenção, por exemplo, as exportações de etanol, que cresceram 99%, e as de suco de laranja, que subiram 88,3%.

A meta do governo para as exportações, por enquanto, é fechar o ano em US$ 152 bilhões. Mas esse número está sendo revisto e pode crescer diante do que ocorreu no primeiro semestre. Nos 12 meses terminados em junho, o país exportou US$ 149,96 bilhões, 19,2% a mais do que no período de 12 meses findo em junho de 2006.