Título: Montadoras vão rever projeções para 2007
Autor: Olmos, Marli
Fonte: Valor Econômico, 03/07/2007, Empresas, p. B6

Diante de um mercado interno que cresceu 25,7% nas vendas acumuladas na primeira metade do ano, os dirigentes da indústria automobilística decidiram se reunir entre hoje e amanhã para refazer os cálculos de crescimento do setor em 2007. Os representantes do setor começaram o ano prevendo uma ampliação de mercado de 7,7%.

As novas projeções para o ano serão anunciadas na quinta-feira pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), segundo o presidente da entidade, Jackson Schneider. "Diante desse crescimento do mercado interno nos primeiros seis meses, decidimos rever o prognóstico", disse o dirigente.

A quantidade de veículos vendida somente em junho - 198,7 mil unidades, incluindo carros de passeio, caminhões e ônibus - ficou 33,96% acima do total em igual mês do ano passado. Junho foi o segundo melhor mês do ano para a indústria automobilística. O número de vendas do mês perdeu para maio. Vale lembrar aí que o mês passado teve 19 dias úteis, ante os 22 de maio. O número de dias úteis é um fator importante nesse tipo de comércio.

O acumulado do ano ultrapassou a marca de um milhão de veículos. De janeiro a junho foram vendidas no mercado doméstico 1,082 milhão de unidades, o que representa, além do crescimento de 25,7%, acréscimo de 221,1 mil veículos no volume de igual período de 2006. É como se o setor tivesse terminado o semestre com o equivalente a mais de sete meses de vendas numa comparação com o ano anterior. Nos primeiros seis meses de 2006, foram vendidos no país 861,2 mil veículos.

Já é certo, portanto, que a projeção para o mercado interno será a primeira a ser alterada pela Anfavea. O último prognóstico oficial da entidade previu um crescimento de 7,7% para o mercado interno deste ano, o que equivaleria a 2,08 milhões de veículos.

Separadamente, as direções das principais empresas do setor anunciaram números mais altos. A General Motors, que começou o ano prevendo mercado entre 1,8 milhão e 1,95 milhão de unidades, fala agora em 2,25 milhões, o que representaria acréscimo de 16,5% em relação a 2006. A Volkswagen trabalha com expectativa de crescimento de 14,5%. É bem provável que a Anfavea anuncie a nova projeção próxima desses percentuais.

O surpreendente desempenho no mercado interno conseqüentemente puxará a produção. A Anfavea começou o ano com a expectativa de um crescimento de 3,8% na produção de veículos, o que equivaleria a um volume de 2,73 milhões de unidades, já um recorde pelo segundo ano consecutivo. O acumulado até maio chegou a um avanço de 5,8%.

A produção só não vai crescer mais porque, em decorrência da valorização do real, os volumes das exportações estão encolhendo, mesmo com um crescimento no valor das vendas externas. Isso ocorre porque as montadoras reajustaram os preços dos carros vendidos no exterior, principalmente na América do Sul - onde a falta de concorrentes favorece os reajustes. Com isso, os volumes diminuíram - 10, 7% de queda nos volumes de exportações acumulados até maio. No mesmo período, a receita com vendas externas cresceu 0,7%.

Na última projeção para vendas externas este ano, a Anfavea estimou que o faturamento no exterior em 2007 empataria com o do ano passado, em US$ 12,1 bilhões. É bem provável que essa previsão não seja alterada.

Durante a comemoração de 50 anos da Scania no Brasil, ontem, em São Bernardo do Campo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, disse que "a indústria automobilística é testemunha viva do que está acontecendo no Brasil". "Se antes só víamos nos jornais fotos de pátios lotados, hoje há fila de espera para comprar um carro", disse Lula. Ao acrescentar que a indústria automobilística "está vendendo como nunca", o presidente da República disse ainda que os trabalhadores estão "aprendendo a comprar um automóvel com mais prestações". "Já faz algum tempo que não ouço a indústria automobilística dizer que está em crise", disse Lula.

No acumulado do semestre, a Fiat manteve-se em primeiro lugar, com 24,5% das vendas totais, seguida por Volkswagen (23,6%), General Motors (20,1%), Ford (11,6%) e Honda (3,4%).