Título: Prata da casa
Autor: Cotias, Adriana
Fonte: Valor Econômico, 03/07/2007, EU & Investimentos, p. D1

O crescimento econômico combinado com aumento da renda real do brasileiro e aceleração do consumo é que estão refletidos na Carteira Valor de julho. Oito entre os dez papéis que receberam mais indicações têm esse norte. As ações preferenciais (PN, sem voto) da Lojas Americanas puxam a fila, com cinco recomendações, à frente das "blue chips" Petrobras e Vale do Rio Doce. A lista das corretoras participantes mostra ainda certa concentração em papéis do setor imobiliário e nas elétricas.

No mês passado, o portfólio das mais indicadas teve valorização de 7,79%, ante 4,06% do Ibovespa. No ano, até junho, acumulou ganhos de 33,51%, também acima dos 22,30% do índice. Em 12 meses, a carteira já contabilizou 71,62%, bem à frente dos 48,49% da principal referência do mercado acionário brasileiro.

O aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a compra da rede de locadoras Blockbuster pela Lojas Americanas colocou em evidência os papéis da varejista. Com a expectativa de que a empresa comece a revelar sinergias da fusão da Americanas.com com o site de compras Submarino na B2W e na própria Blockbuster , essa foi uma das inclusões da Itaú Corretora para o mês. "Só a Blockbuster adiciona 127 lojas à rede da Lojas Americanas, há crescimento orgânico por vir, com a abertura de outras 37 lojas, além da possibilidade de prosseguir com aquisições", diz o estrategista de pessoa física Fábio Anderaos de Araújo.

Ele admite que após o Ibovespa beirar os 55 mil pontos - na média daquilo que seria justo pelo consenso do mercado - a seleção está mais difícil. A sua lista inclui Gafisa ON, muito descontada a partir da saída da GP Investimentos do negócio, mas que tende a ter um bom potencial de valorização principalmente quando os bancos começarem a financiar imóveis com prazo de 25 anos a taxas prefixadas. Outra escolha foi Indústrias Romi, que se beneficia do aumento dos investimentos em bens de capital e tem exposição ao setor automobilístico, que vai muito bem.

O grupamento das ações da AmBev na proporção de 100 para 1 também jogou nova luz sobre os papéis da fabricante de cervejas, que passarão a ser negociados por unidade a partir de agosto. "Além do cenário de consumo continuar favorável, esse ajuste vai permitir que novos investidores, que evitavam comprar no fracionário, adquiram as ações, o que deve contribuir para elevar a liquidez", diz o analista da corretora do Banco Real Pedro Galdi.

Apesar da valorização de 14,5% no mês passado, a corretora manteve as ações PN da Gerdau, que vai se aproveitar da explosão do setor de construção civil e é a única fornecedora de aços longos com papéis em bolsa depois do fechamento do capital da Arcelor Brasil. "A cada esquina tem uma grande obra sendo realizada e as incorporadoras nem começaram a construção de imóveis para a baixa renda ou rumo ao interior", diz Galdi. Ele também cita a recente incursão no mercado indiano como estratégia de diversificação geográfica que tende a dar bons frutos.

No setor de construção propriamente dito, Abyara ON é a que tem múltiplos mais atrativos, assinala o chefe de análise da Bradesco Corretora, Carlos Firetti, que projeta uma relação Preço/Lucro (P/L) - tempo estimado para se obter retorno com a ação - de 6,8 vezes para 2009. Outra aposta da corretora com ênfase na melhora de renda do brasileiro é BR Malls, "que tem sido eficiente em consolidar um mercado fragmentado".

É o setor elétrico que concentra, porém, as maiores atenções da Bradesco no mês, com a inclusão de Energias do Brasil e Tractebel. "A Tractebel é a empresa melhor posicionada para se beneficiar do aumento do preço da energia no mercado spot (à vista)", diz. "As duas têm fundamentos para, numa eventual correção na bolsa, serem papéis mais defensivos."